O Flamengo iniciou uma reestruturação profunda em sua base, priorizando métodos utilizados no futebol europeu. A mudança ganhou corpo com a chegada de José Boto para o cargo de diretor, que articulou a contratação dos portugueses Nuno Campos, agora técnico do sub-20, e Alfredo Almeida, novo responsável pelas categorias de formação.
A nova equipe substitui Cleber dos Santos e Carlos Noval, profissionais que atuaram por anos no desenvolvimento do setor.
Segundo Vanderlei Luxemburgo, responsável pela análise, o movimento tem ligação direta com o presidente do clube, Rodrigo Dunshee de Abranches (BAP). O ex-treinador considera que o dirigente tem visão empresarial e está alinhado às exigências do futebol moderno.
Para ele, a reformulação visa alinhar o clube aos padrões internacionais, pensando na valorização e comercialização de atletas formados no Ninho do Urubu.
Propósito internacional
Durante participação no podcast De Jogador pra Jogador, Luxemburgo destacou que o clube está se moldando a uma nova realidade. Ele apontou que o Flamengo sempre foi um celeiro de talentos e agora assume abertamente a preparação desses jovens com foco em negociações internacionais.
“O BAP é um baita de um empreendedor. Tem uma cabeça privilegiada. Ele está entendendo o mercado. O Boto é um estrangeiro. O Flamengo sempre foi um clube revelador e tirou o cara que era bom e o treinador campeão sub-20. Virou um negócio. O Flamengo prepara o jogador para o mercado internacional. Nada melhor que ter os caras que conseguem ter o mercado internacional”.
Críticas ao desempenho em campo
Apesar da liderança do Flamengo no Campeonato Brasileiro com 40 pontos ao fim do primeiro turno, Luxemburgo ponderou que o time não se destaca coletivamente. Embora reconheça a qualidade individual do elenco, o comentarista afirmou que o Rubro-Negro ainda não atingiu um nível de jogo capaz de encantá-lo como espectador.
“O Flamengo tem jogadores talentosos. O Filipe Luís é muito novo e tem tudo para se tornar um grande treinador. Ele não é mau treinador, é jovem. Tanto é que ele cometeu, ao meu ver, um erro na Copa do Mundo em que não conseguiu identificar o time do Bayern. Mas ele é muito bom”.
Padrão europeu e mercado
Conforme avaliação de Luxemburgo, a presença de estrangeiros no comando da base não é apenas uma questão técnica, mas uma estratégia comercial. A intenção é estruturar um modelo de formação que permita aos jovens jogadores se adaptarem mais facilmente ao futebol europeu, ampliando as chances de transferência para o exterior.
Aliás, essa estratégia reflete o entendimento de que o futebol brasileiro precisa se adequar às exigências do mercado internacional, mesmo em suas etapas iniciais de desenvolvimento.
Próximo desafio internacional
A reformulação da base coincide com a participação do Flamengo na final da Copa Intercontinental Sub-20, que ocorrerá no Maracanã dia 23 de agosto, às 16h30 (horário de Brasília), contra o Barcelona. Os ingressos variam de R$ 11,25 a R$ 300 e, conforme informado, os sócios do plano Nação sem Fronteiras têm prioridade na compra, desde que cumpram os critérios de elegibilidade.