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Veja quantos jogos De La Cruz já desfalcou o Flamengo

O Flamengo informou que o jogador passou por um programa de reequilíbrio físico personalizado

Desde que estreou pelo Flamengo no dia 31 de janeiro de 2024, De La Cruz se tornou presença recorrente no departamento médico. Embora tenha disputado 61 dos 112 jogos da equipe desde sua chegada, o uruguaio ficou fora de 51 compromissos — o que representa 46% do total.

Entretanto, 22 dessas ausências ocorreram especificamente por lesões musculares ou articulares, totalizando cerca de 20% dos jogos perdidos por contusão desde o início do vínculo com o clube carioca.

Conforme levantamento, o meio-campista realizou seis passagens pelo departamento médico entre 2024 e 2025, superando os demais jogadores do elenco em frequência. Em termos de número absoluto de partidas perdidas por lesão, De La Cruz aparece atrás apenas de Viña (58) e Everton Cebolinha (43).

Ainda assim, a constância de sua presença no setor médico tem gerado desconforto interno e avaliações contraditórias sobre sua real condição física.

Histórico médico anterior e controle de carga no clube

Antes mesmo de se apresentar no Flamengo, De La Cruz já convivia com um quadro de sinovite crônica no joelho direito. O problema, de acordo com os médicos do clube, afeta diretamente o equilíbrio muscular e aumenta a sobrecarga sobre o joelho oposto.

Durante a carreira, o atleta passou por quatro procedimentos cirúrgicos — três no joelho direito e um no esquerdo —, porém, desde que chegou ao Rio de Janeiro, não realizou novos procedimentos, pois o clube tem adotado condutas conservadoras em seu tratamento.

Atualmente, o Flamengo realiza controle rígido da carga de treinos do uruguaio. Ele nem sempre participa das atividades em grupo e, por vezes, segue cronogramas específicos de recuperação. Mesmo assim, a maior sequência de jogos que conseguiu sustentar em 2025 foi de oito partidas consecutivas. No ano anterior, havia conseguido estender a série a 15 jogos, sendo 14 deles como titular.

Declaração interna vaza e amplia tensão nos bastidores

A ausência do jogador nos clássicos recentes contra Fluminense e Red Bull Bragantino foi o estopim para que uma crise interna ganhasse os holofotes.

Em um grupo de WhatsApp composto por conselheiros e dirigentes do Flamengo, o então chefe do departamento médico, José Luiz Runco, respondeu a um questionamento sobre a situação clínica do atleta com duras críticas.

“Jogador comprado em outra gestão, sem a menor condição, pois apresenta uma lesão crônica e irreparável no joelho direito, e uma lesão também no joelho esquerdo. […] Estamos tentando fazer o possível para que ele possa participar, mas é muito complicado”, escreveu Runco, conforme revelou o ge.

A repercussão foi imediata. Companheiros de equipe demonstraram apoio ao meia, com destaque para Arrascaeta, que publicou uma imagem ao lado de De La Cruz com a frase “Cuidar dos nossos”. O estafe do atleta, por sua vez, repudiou publicamente a exposição da condição médica do jogador.

—“Fomos pegos de surpresa com esta declaração do Diretor Médico do clube. Primeiramente, não é uma atitude correta, nem ética, de um profissional que já passou pela Seleção. Vamos procurar entender com o clube se esse posicionamento é do médico individualmente ou do clube como instituição e, logo, analisaremos as medidas cabíveis a serem tomadas”, afirmou a equipe que assessora De La Cruz.

Diretoria rubro-negra toma providências após crise pública

A gestão do Flamengo decidiu intervir. Um dia após a divulgação da mensagem, Runco foi desligado do cargo. A decisão buscou conter o desgaste público e acalmar o ambiente interno, já pressionado por críticas acumuladas desde o início do ano.

Runco, que assumiu o cargo em dezembro de 2024, era nome de confiança do presidente Luiz Eduardo Baptista e realizou diversas mudanças estruturais no departamento médico logo ao chegar, incluindo a demissão de cerca de 40 profissionais.

Sua condução foi marcada por atritos com jogadores, restrições a práticas comuns no CT e contestação por parte de atletas que buscaram tratamentos fora do clube, como Erick Pulgar e Gonzalo Plata.

O Flamengo, por meio de nota oficial, negou que a mensagem atribuída a Runco tenha sido escrita por qualquer um dos médicos que atualmente integram o corpo clínico do futebol profissional. A direção reiterou que o foco seguirá sendo a performance esportiva e o cuidado técnico com os atletas.

Reação de antigos dirigentes e contexto da contratação

Marcos Braz, ex-vice-presidente de futebol do Flamengo e responsável pela aprovação da contratação de De La Cruz, foi questionado publicamente sobre a polêmica durante uma coletiva em Belém, onde atualmente atua como dirigente do Remo. Sem entrar em detalhes, o dirigente sinalizou desconforto com a situação.

“Eu queria muito responder essa pergunta, mas em respeito ao Remo e à torcida do Remo, eu não vou me pronunciar. Mas, com certeza, se eu me pronunciasse, nós dois iríamos estar estampados em todos os órgãos de imprensa do país”, disse Braz, encerrando o assunto sem aprofundar.

Avaliação médica recente e plano de recuperação

Em comunicado divulgado nesta terça-feira (22), o Flamengo informou que o jogador passará por um programa de reequilíbrio físico personalizado. A intenção é prepará-lo para voltar com maior consistência no restante da temporada.

“Na tentativa de fazer com que ele tenha a mesma sequência no segundo semestre, a gente optou por retirá-lo desses próximos jogos, fazer um trabalho especializado com ele para que ele consiga, nos próximos desafios, ter um desempenho tão bom quanto ele teve no primeiro semestre” — declarou Luiz Macedo, um dos médicos que atua no clube atualmente.