A saída de Jhon Arias para o Wolverhampton representou, segundo Carlos Eduardo Mansur, uma perda técnica central no esquema ofensivo do Fluminense. O comentarista do Grupo Globo identificou uma mudança sensível no estilo de jogo tricolor, que deixou de priorizar a criatividade e passou a apostar em volume de jogo, sobretudo após o retorno do clube às competições nacionais.
De acordo com Mansur, o colombiano, recém-vendido por 22 milhões de euros (R$ 142 milhões), “por vezes, era sozinho um sistema ofensivo inteiro”. Sem ele, o time carioca enfrenta dificuldades para criar jogadas com fluidez e depende, com mais frequência, de bolas longas e ações individuais pelas pontas.
Diagnóstico tático pós-Arias
Conforme avaliação do analista, a equipe comandada por Renato Gaúcho enfrenta uma limitação clara no repertório ofensivo. O Fluminense, segundo Mansur, encontra entraves principalmente quando precisa propor o jogo e sair em busca do resultado.
A crítica foi reforçada após a vitória magra contra o Grêmio, em partida válida pelo Campeonato Brasileiro, em que o Fluminense venceu por 1 a 0, mas demonstrou pouca inspiração no ataque. O próprio Mansur reconheceu o mérito do triunfo, porém avaliou com reservas a atuação ofensiva:
“A vitória foi merecida, mas o jogo deixou a desejar na qualidade ofensiva. O Fluminense joga mais à base de volume que de criatividade”.
Impacto nos resultados recentes
Depois da campanha no Mundial de Clubes, em que o Fluminense chegou à semifinal, o retorno ao cenário nacional foi marcado por instabilidade. Foram quatro derrotas consecutivas no Campeonato Brasileiro, antes das vitórias contra Internacional e Grêmio, que sinalizaram uma reação.
No entanto, mesmo com os três pontos, os desempenhos ainda demonstram fragilidade criativa.
Mansur destacou que a queda no rendimento de Cano e o papel secundário assumido por Ganso agravaram a situação: o setor ofensivo ficou dependente de jogadas isoladas e cruzamentos, especialmente nos momentos em que o adversário não oferece espaços para transição rápida.
Adaptação e necessidade de reposição
A ausência de Arias, reconhecida como “a principal diferença” da nova fase do Fluminense, obriga o clube a buscar novas soluções no setor ofensivo. Seja com modificações táticas ou pelo surgimento de novos nomes no elenco, o processo de adaptação é visto como inevitável.
Mansur foi categórico ao apontar que, atualmente, o time possui menos talento. No confronto contra o São Paulo, por exemplo, ele observou a pouca capacidade de retenção de bola da equipe, além das falhas nos encaixes defensivos. Embora a entrada de Ganso no segundo tempo tenha melhorado o desempenho, o gol de Samuel Xavier foi visto como um ponto fora da curva diante de um roteiro desfavorável.
Contexto da transferência
A saída de Jhon Arias para o futebol inglês ocorreu no mês de julho, em meio à janela de transferências do meio do ano. O colombiano estreou pelo Wolverhampton no domingo (03), em amistoso contra o Girona, e marcou um gol ao sair do banco de reservas. Apesar da derrota por 2 a 1, ele demonstrou qualidade ao driblar dois marcadores antes de finalizar com precisão.