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Alessandro Barcellos atualiza sobre planos para SAF no Internacional

Além dos aspectos financeiros e jurídicos, a discussão sobre a SAF passa também pela preservação da identidade do clube

O presidente Alessandro Barcellos voltou a se manifestar sobre a possibilidade de o Internacional se transformar em Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Em entrevista à “Cazé TV”, o dirigente afirmou que o clube ainda não iniciou oficialmente o debate interno sobre o tema, embora reconheça a necessidade de discutir alternativas no futuro próximo.

“Ainda não começamos a discussão, o debate, as avaliações internas. Isso vai acontecer em breve, porque é necessário que se avalie este cenário novo. Isso tem uma questão não só de gestão, mas uma questão institucional do clube”.

Segundo Barcellos, apesar das especulações sobre o interesse de investidores, não houve qualquer consulta formal até o momento. O dirigente reforçou a postura do clube diante da valorização de sua marca no mercado:

“Nós não tivemos nenhuma procura até agora. Estamos trabalhando com muita calma nesse assunto. Que bom que falam por aí do Internacional, porque é um ativo, um clube valorizado, um clube que tem procurado fazer a sua parte”.

Estudo técnico será prioridade até o fim do ano

Internamente, o clube definiu como meta estruturar um estudo técnico aprofundado sobre modelos de investimento. A ideia, segundo o próprio presidente, é contratar uma consultoria externa ainda em 2025 para apresentar alternativas que estejam alinhadas à cultura institucional do Colorado. O processo deverá ser feito em parceria com o Conselho Deliberativo.

“Não podemos demorar muito para fazer, para chegar lá na frente e poder pelo menos ter a visão das alternativas que o clube pode expor. Nossa preocupação hoje é o clube não ficar a reboque de coisas que vão acontecer no futebol”.

Dívida impacta planejamento esportivo

A regularização da situação fiscal tem sido prioridade da gestão. Em maio, o clube assinou acordo de transição tributária com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, buscando reorganizar um passivo que gira em torno de R$ 378 milhões.

Conforme dados apresentados por dirigentes, esse endividamento compromete entre R$ 80 e R$ 100 milhões por ano do orçamento colorado, o que reduz sensivelmente a capacidade de investimento no futebol profissional.

O próprio Barcellos mencionou recentemente que a folha salarial do Inter ocupa atualmente uma posição entre a oitava e a décima entre os clubes brasileiros. A diretoria reconhece que, sem uma nova fonte de receita, será difícil competir com rivais que já adotaram modelos empresariais ou que, mesmo mantendo o modelo associativo, possuem receitas superiores.

Cultura institucional ainda pesa na decisão

Apesar dos desafios financeiros, o Internacional busca alternativas que não envolvam obrigatoriamente a entrega de controle acionário a um investidor. Conforme apontou o vice-presidente Dalton Schmitt Jr., o clube cogita formatos com participação minoritária de investidores, o que evitaria a perda de comando administrativo.

“A gente não precisa ter um dono. Pode ser uma sociedade de duas partes. Pode ser uma sociedade minoritária, onde vem um investidor que não necessariamente precisa comprar o controle, mas vai amarrar aquilo que lhe interessa no início da gestão”.

O dirigente ainda criticou as instabilidades de algumas SAFs que trocaram de dono após insucessos, levantando dúvidas sobre a sustentabilidade do modelo:

“(A SAF) Não teve lucro, não deu certo e vendeu para outro. Quando não conseguir, vai vender para outro. Isso é uma questão que eu acho que aqui para o Rio Grande do Sul pode ser mais pesada. Pode ser mais difícil”.

Torcida e identidade como pilares do processo

Além dos aspectos financeiros e jurídicos, a discussão sobre a SAF passa também pela preservação da identidade do clube. Dirigentes do Inter reconhecem que o envolvimento da torcida e a tradição associativa são elementos fundamentais a serem considerados.

“Porque no final, principalmente no Brasil, o torcedor é muito apaixonado, né? A gente que olha as ligas de outros países percebe como essas relações são muito menos arraigadas, muito menos emocionais. São muito mais ligadas ao entretenimento do que propriamente à emoção. E não é o caso no futebol daqui” — declarou Schmitt.