Diante da crescente pressão enfrentada por Abel Ferreira no comando do Palmeiras, Vanderlei Luxemburgo resolveu comentar publicamente sobre o momento vivido pelo técnico português. O ex-comandante do clube alviverde recorreu à própria trajetória no cargo para aconselhar o atual treinador, sugerindo que as críticas da torcida devem ser encaradas com naturalidade, principalmente pelo tamanho da equipe.
A fala de Luxemburgo surge num contexto de protestos intensos no Allianz Parque e arredores, desencadeados pela eliminação do Palmeiras diante do Corinthians nas oitavas de final da Copa do Brasil. Nas arquibancadas, Abel foi hostilizado com gritos ofensivos e respondeu com aplausos irônicos, atitude que também dividiu opiniões entre os torcedores presentes.
Aliás, a insatisfação não se restringiu ao dia do jogo. Posteriormente, faixas com dizeres como “Acabou a paz” e “Fora, Abel” foram fixadas em frente ao estádio, demonstrando que parte da torcida mantém a cobrança mesmo após os acontecimentos do dérbi paulista. A diretoria, por sua vez, reafirmou a confiança no treinador e indicou a intenção de renovar seu contrato até 2027.
Luxemburgo, que acumula passagens marcantes pelo clube e inúmeros títulos conquistados, relembrou que ele próprio foi alvo de vaias da torcida mesmo em momentos vitoriosos, assim como Luiz Felipe Scolari. Segundo ele, a pressão faz parte do “privilégio” de comandar o Palmeiras.
“Está trazendo um peso para ele. Eu até falei: ‘Abel, fica tranquilo porque é um privilégio de quem é treinador do Palmeiras’. Eu fui campeão pra caramba no Palmeiras e a torcida me hostilizou. O Felipão foi campeão pra caramba e a torcida hostilizou. Você ganhou pra caramba e a torcida vai hostilizar. Não adianta rebater. Se eu pudesse dar um conselho ao Abel: calma! Você vai ser xingado.”, disse Luxa, ao podcast “De Jogador para Jogador”, apresentado por Muller.
Ainda durante a entrevista, Luxemburgo criticou o tratamento da imprensa brasileira em relação a técnicos estrangeiros, afirmando que os profissionais do país são cobrados de forma mais dura. Para ele, a condescendência com Abel contrasta com a forma como nomes como Telê Santana e Felipão foram tratados.
“O Felipão foi muito cobrado, eu fui muito cobrado… fizeram charges de burro e pé frio do Telê Santana. Eles cobram muito da gente e não cobram de fora. A imprensa não cobra como tem que cobrar.”, afirmou.
Luxemburgo também questionou a postura de Abel ao descrever o futebol brasileiro como “submundo”, e relembrou que o país já protagonizou inovações importantes na história do esporte. Ele ressaltou que, apesar das virtudes do português como treinador, é preciso respeitar a trajetória do futebol nacional.
“O Abel é muito bom treinador. Muito bom mesmo. Mas existem algumas coisas com ele… se fosse eu que fizesse 20% das coisas que ele cometeu aqui, de chutar microfone, agredir repórter e ir pra cima da imprensa… eu tava morto. Isso é desnecessário.”, concluiu.
