O debate sobre a criação de uma liga no futebol brasileiro voltou a ganhar força após declarações de Luiz Eduardo Baptista, conhecido como Bap, presidente do Flamengo. Durante entrevista ao canal oficial do clube, ele criticou com veemência a proposta de divisão equitativa das receitas entre os times.
Segundo suas palavras, “sabe quando vou aceitar receber 3,5 vezes a mais do que os clubes pequenos? Nunca!” e complementou: “isso é a desapropriação de um ativo que é nosso por nenhuma razão, nenhum critério, nenhum mérito que possa ser aventado”.
O dirigente carioca deixou claro que, caso o Flamengo tenha de abrir mão dessa diferença financeira, não haverá adesão à iniciativa: “se o Flamengo abrir mão desse direito, não vai haver liga no Brasil. Não somos idiotas. Eu não vou endossar isso”.
Resposta da presidente alviverde
No domingo (20), Leila Pereira se pronunciou sobre as falas do dirigente flamenguista durante entrevista ao programa CNN Esportes S/A. Ela se posicionou de maneira contrária às afirmações feitas por Bap, apontando a necessidade de união entre os clubes.
“O que entendo é que o Palmeiras precisa de outros clubes para jogar. Jamais vou ter uma postura prepotente de dizer que o Palmeiras é maior que o futebol brasileiro (…) Eu penso diferente do presidente do Flamengo. Se for o melhor para o futebol brasileiro, podemos sentar e conversar o que seria mais justo ser feito”.
Em seguida, reforçou sua visão de fortalecimento coletivo no cenário nacional: “o que eu gostaria é que todos os clubes do futebol brasileiro fossem fortes. Porque só assim você valoriza o produto. Não adianta o Palmeiras jogar com clubes completamente quebrados, inferiores financeiramente. Para ter um futebol forte, um produto que interesse o mercado exterior, precisa fortalecer todos os clubes”.
Posição sobre regras financeiras
Ainda durante a entrevista, Leila enfatizou a importância de implementar regras de responsabilidade fiscal no futebol nacional. Ao tratar da necessidade de equilíbrio financeiro, apontou: “eu não posso também dividir esse bolo com clubes que não pagam absolutamente ninguém. Por isso, é importante a implementação de um fair play financeiro que dê responsabilidade”.
Em outro momento, acrescentou: “não digo rigoroso, senão você fecha as portas da maioria dos clubes, mas um fair play que dê possibilidade… O Palmeiras é extremamente organizado, não vou pagar a conta de clubes irresponsáveis. Não teria problema algum em conversar para dividir esse bolo. Eu não sou radical como o presidente do Flamengo”.
Modelos em disputa
Atualmente, dois blocos disputam a liderança na articulação da nova liga: Liga Forte União (LFU) e Libra. A primeira propõe um teto de 3,5% de diferença na distribuição de receitas entre os participantes, visando evitar desníveis competitivos.
Já a segunda, da qual o Flamengo faz parte, prevê a partilha do total arrecadado com 30% de forma igualitária, 22% com base no desempenho esportivo e 48% segundo a audiência gerada.
Impasse e futuro indefinido
Apesar dos avanços na organização dos blocos comerciais e na venda dos direitos de transmissão, principalmente no mercado internacional, a formação da liga ainda enfrenta obstáculos. Pontos como o fair play financeiro e a equação justa da divisão de valores continuam sem consenso, adiando uma possível unificação dos clubes em torno de uma entidade única no futebol brasileiro.