A declaração de Ronaldo Nazário sobre um possível investimento no Corinthians reacendeu o debate em torno da transformação do clube em Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Durante participação no podcast Denílson Show, na segunda-feira (23 de junho), o ex-jogador e empresário foi direto ao afirmar: “Se o Corinthians virar SAF, eu arrumo o dinheiro e embarco”. A fala não só chamou atenção, como evidenciou o interesse do ex-atacante em repetir o modelo de gestão adotado anteriormente no Cruzeiro.
Conforme destacou o próprio Ronaldo, a escolha pelo modelo empresarial não descaracterizaria o clube, mas o tornaria mais competitivo financeiramente. “O Corinthians é uma verdadeira potência”, disse, ao defender que uma administração mais profissional permitiria investimentos sustentáveis e visão de longo prazo. Aliás, o Fenômeno sugeriu até um modelo híbrido, em que o investidor teria controle nos primeiros anos, sem eliminar o papel da associação.
Apesar disso, a proposta enfrenta resistência interna. Diretoria e conselheiros do clube, assim como a Gaviões da Fiel, principal torcida organizada, já se manifestaram contrários à adoção da SAF. No momento, o assunto circula apenas entre torcedores e comentaristas, sem qualquer articulação formal. Ainda assim, Ronaldo se mostrou disposto a participar ativamente do processo, caso a mudança aconteça.
A crítica à atual estrutura administrativa foi incisiva. “É muita bagunça, muita dívida. A única saída que enxergo é a transformação em SAF”, afirmou Ronaldo. O ex-jogador demonstrou frustração com a falta de profissionalismo e fez questão de alertar a torcida sobre os protestos recentes. Para ele, ações exageradas prejudicam ainda mais a estabilidade do clube: “A torcida precisa entender seu papel. Esses protestos só pioram a crise”.
Ronaldo utilizou sua experiência no Cruzeiro como justificativa para acreditar no modelo. À frente da SAF do clube mineiro entre janeiro de 2022 e abril de 2024, ele promoveu uma série de mudanças que resultaram na volta à elite do futebol nacional, vaga em competição continental e redução significativa da dívida, que na época superava R$ 1 bilhão. Posteriormente, vendeu sua participação ao empresário Pedro Lourenço por R$ 482 milhões, afirmando confiar no novo gestor para dar continuidade ao projeto.
Enquanto isso, o Corinthians enfrenta mais um capítulo conturbado em sua política interna. Afastado recentemente, o presidente Augusto Melo deixou contratos assinados com empresas prestadoras de serviços que geraram desconfiança na nova diretoria. O cenário, portanto, é de incerteza, e a proposta de SAF, embora não oficial, surge como alternativa para reorganizar o clube financeiramente — pelo menos na visão de Ronaldo.
