A volta de Neymar ao Santos segue marcada por episódios que repercutem além das quatro linhas. A derrota por 3 a 2 para o Flamengo, no domingo (09 de novembro), no Maracanã, não apenas manteve o clube paulista na zona de rebaixamento do Brasileirão, como também gerou críticas contundentes à postura e ao desempenho do camisa 10, tanto dentro quanto fora de campo.
Durante a transmissão do programa “Seleção SporTV”, na segunda-feira (10 de novembro), Roger Flores foi incisivo ao analisar a atuação do atacante. O ex-jogador destacou, acima de tudo, o abalo físico de Neymar, que ainda busca se recondicionar após lesão na coxa direita. Para ele, o nível de exigência do futebol atual está além do que o atleta tem conseguido entregar.
“Ontem me assustou ver o Neymar em campo. Fiquei triste. Triste porque sou fã, gosto, mas acho que hoje, fisicamente, acho que o futebol te exige demais. Principalmente na força, na potência, na explosão. Ontem eu vi o Neymar andando, caminhando, e não é porque ele quer, por ser diferente dos outros, por conseguir jogar neste ritmo. É porque ele não consegue ter mais potência, explosão física, para definir um jogo como sempre vimos ele fazer”.
Ainda sobre o aspecto físico, Roger ressaltou que o processo de recuperação do jogador tem sido constante, mas pouco eficaz. As lesões, segundo ele, impedem que Neymar atinja o desempenho compatível com sua idade e histórico.
“É um contexto diferente, sim. Ele estava há um tempo lesionado, se recuperando, tudo isso tem que ser colocado na mesa e discutido, não é a melhor versão física dele, ele ainda está em processo de recondicionamento. Ele está neste processo há muito tempo, porque as lesões não deixam ele atingir o ápice que um jogador da idade dele pode atingir”.

No entanto, o comentarista não se limitou à análise técnica. Ele também criticou duramente a postura do atleta durante e após o jogo, chamando atenção para a forma como Neymar se exime de responsabilidade nos momentos de pressão.
“Ontem não consigo encontrar argumentos para defender a atuação dele, não só dentro de campo, mas também no comportamento. E não é apenas neste jogo. Em alguns outros jogos, também, ele parece que tira a responsabilidade dele”.
O episódio mais simbólico dessa crítica ocorreu aos 39 minutos do segundo tempo, quando Neymar foi substituído por Benjamín Rollheiser. Inconformado, ele questionou o técnico Juan Pablo Vojvoda com a frase: “Vai me tirar?”.
Logo em seguida, desceu diretamente para o vestiário, sem permanecer no banco para acompanhar os minutos finais da partida. O Santos, sem o craque em campo, ainda conseguiu reagir e marcou dois gols, mas a reação foi insuficiente para evitar a derrota.
Para Roger Flores, a atitude do atacante reflete uma falta de liderança em momentos cruciais. “Ele se exime da culpa, da responsabilidade, para jogar nos outros. E um cara do tamanho do Neymar, nestes momentos, precisa assumir a responsabilidade”.
Com o resultado, o Santos permanece com 33 pontos e segue no Z4, dois a menos que o Vitória, que está fora da zona da degola. A equipe ainda tem um jogo a menos, contra o Palmeiras, e segue pressionada na luta contra o rebaixamento.


