O Santos segue em esforço para reorganizar suas finanças em meio a um cenário de déficits elevados. Uma das principais medidas recentes foi a renegociação de uma dívida de aproximadamente R$ 40 milhões junto ao Banco Safra, originada na gestão de Andres Rueda.
O ex-presidente foi o avalista do empréstimo e comprometeu seu próprio patrimônio caso o pagamento não fosse honrado. O novo acordo estabelece 24 parcelas mensais de R$ 1,6 milhão, com vencimentos que ultrapassam o mandato de Marcelo Teixeira, vigente até dezembro de 2026 .
Além disso, o clube ainda lida com outros compromissos pendentes. Entre eles está a dívida de R$ 15 milhões pela aquisição de João Basso junto ao Arouca, de Portugal. O Santos recorreu da decisão no Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) e aguarda nova sentença antes de iniciar os pagamentos.
Outra questão judicial envolve a rescisão contratual com o técnico Pedro Caixinha e sua comissão, que cobram valores semelhantes e já acionaram a Fifa .
Impacto da volta de Neymar nas contas
A chegada de Neymar, anunciada em 31 de janeiro, teve impacto direto nas finanças do clube. No primeiro trimestre de 2025, a arrecadação chegou a R$ 174,9 milhões, 43,6% acima do previsto. No entanto, os gastos também cresceram: o déficit foi de R$ 37,4 milhões, superando em mais de 60% a projeção orçamentária, que era de R$ 23,2 milhões.
Boa parte desse desequilíbrio se deve à elevação da folha salarial, que saltou de R$ 10,5 milhões em janeiro para R$ 34,8 milhões em fevereiro. Em março, os custos com salários e direitos de imagem somaram R$ 34,2 milhões, com destaque para Neymar, que recebe mais de R$ 4 milhões por mês registrados em carteira.
O atacante também tem direito a 75% das receitas provenientes de patrocínios fechados após seu retorno.
Para tentar amenizar os efeitos desse novo cenário, o clube renegociou um compromisso de R$ 85 milhões com a NR Sports, empresa responsável pela gestão dos direitos de imagem do camisa 10. O novo cronograma de pagamento estende-se até o fim do atual mandato presidencial, em dezembro de 2026.
Venda de mandos e busca por novas receitas
Com a lotação reduzida da Vila Belmiro — entre 15 mil e 16 mil torcedores —, o clube voltou a considerar a venda de mandos como alternativa para ampliar o faturamento. Recentemente, o Santos chegou a negociar um amistoso com o Remo, em Belém, e tentou transferir o jogo contra o Flamengo, marcado para terça-feira (16), para o estádio Mané Garrincha, em Brasília.
A ideia era explorar o apelo do possível retorno de Neymar, mas o receio de maioria da torcida rival no local fez o clube recuar.
Anteriormente, em amistoso disputado no Paraná contra o Coritiba, a equipe arrecadou R$ 1 milhão. O evento foi viabilizado por uma empresa que comprou três mandos de campo, em operação que gerou R$ 3 milhões ao clube. Neymar acompanhou a delegação, mesmo sem jogar, por exigência contratual.
Apesar dos entraves logísticos e da dificuldade de agenda em outras praças, a diretoria mantém a estratégia de negociar novos mandos nas rodadas seguintes do Campeonato Brasileiro. A expectativa é de que esses acordos possam minimizar o impacto do elevado comprometimento financeiro até o fim da temporada.
Conclusão do Conselho Fiscal e cenário atual
Em reunião realizada no dia 30 de junho, o Conselho Fiscal da agremiação alertou para a necessidade de rigor na execução orçamentária. O parecer, apresentado ao Conselho Deliberativo na Vila Belmiro, destacou que mesmo com o crescimento da arrecadação, o clube precisa alinhar suas despesas ao planejamento inicial.
A dívida consolidada, segundo o balanço mais recente, alcança R$ 977 milhões, enquanto o déficit contábil de 2024 chegou a R$ 105,2 milhões.
Portanto, o Santos enfrenta um contexto desafiador, em que a reestruturação administrativa e a criação de novas frentes de arrecadação — com Neymar como peça central — tornam-se essenciais para garantir fôlego financeiro e evitar sanções jurídicas.