O Vasco da Gama está entre os clubes brasileiros que apresentam uma das situações financeiras mais delicadas do futebol nacional. Segundo o relatório “Convocados 2025”, elaborado pela Convocados Gestora de Ativos de Futebol em parceria com a OutField Inc. e patrocinado pela Galapagos Capital, o clube carioca opera sob “farol amarelo, quase vermelho”.
A análise coloca a equipe ao lado de Corinthians, Internacional e Santos entre os casos mais preocupantes da Série A.
O alerta foi recebido diretamente pelo presidente vascaíno, Pedrinho, que, conforme informações divulgadas nesta segunda-feira (23), já está ciente da gravidade do diagnóstico. Apesar da implementação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF), os dados revelam que os esforços para reestruturação ainda estão distantes do ideal.
Diagnóstico detalhado
Pedro Oliveira, cofundador da OutField, e Joel La Banca, diretor da Galapagos Capital, participaram de entrevista ao programa CNN Esportes S/A para comentar os principais achados do estudo. “O Corinthians é um dos que mais preocupa. O Inter também se alavancou bastante recentemente”, afirmou Oliveira. Em seguida, ele completou:
“Entre os principais clubes do Brasil, além do Corinthians, os faróis amarelos — quase vermelhos — também se acendem para Inter, Santos e Vasco da Gama”.
O levantamento reforça que, mesmo com a perspectiva de crescimento nas receitas do futebol brasileiro, a atual administração cruzmaltina precisa rever suas práticas a fim de que a situação não evolua para insolvência a médio prazo.
“Se nada mudar, em quatro ou cinco anos, vamos ter problemas graves”, alertou Oliveira.
Crescimento de receitas não basta
O estudo também destaca a expansão da receita dos clubes com base em novos patrocínios, especialmente após a regulamentação das casas de apostas. Oliveira explicou que “2025 já deve registrar os 12 meses completos com efeito das casas de apostas” e que o Brasil vive um “momento interessante de crescimento nas receitas B2C — bilheteria e sócio-torcedor”.
Contudo, o crescimento dessas fontes não é suficiente para compensar gestões consideradas imprudentes. O relatório enfatiza que um novo ciclo de administração é necessário para evitar consequências severas.
Conforme o documento, a venda de atletas ainda representa cerca de 25% da receita total dos clubes, cenário que deve persistir no curto prazo. “É natural que continue assim por um tempo”, pontuou o cofundador da OutField.
Caminhos e comparações
Enquanto o Vasco enfrenta obstáculos financeiros consideráveis, outras equipes são citadas como exemplos de equilíbrio. Fortaleza e Bahia, por exemplo, foram mencionados como modelos de gestão eficiente. O Bahia, aliás, é beneficiado por investimentos estratégicos do Grupo City.
“Ele começa a trilhar o caminho que Palmeiras e Flamengo já seguiram”, avaliou Oliveira ao falar sobre o São Paulo.
O relatório ressalta que, mesmo em cenário de potencial crescimento, clubes como o Vasco precisam se adequar a novas práticas de governança para reverter quadros que já beiram a crise. Assim, o atual presidente do clube, que assumiu com o objetivo de reorganizar a instituição, tem diante de si o desafio de reconduzir o time a uma trajetória sustentável, tanto no aspecto esportivo quanto administrativo.