A relação entre o Vasco e sua torcida atravessa uma fase crítica. O momento mais simbólico dessa ruptura ocorreu quando integrantes da maior torcida organizada invadiram o CT Moacyr Barbosa, autorizados pelo presidente Pedrinho, para confrontar diretamente jogadores e comissão técnica.
A visita ocorreu dois dias após a goleada sofrida por 4 a 0 para o Independiente del Valle, em Quito, resultado que culminou na eliminação do clube nos playoffs da Sul-Americana.
Durante a conversa, o zagueiro João Victor tornou-se o principal alvo das críticas. Após ser repreendido por atividades fora de campo, como passeios com a família, o defensor respondeu com um “eu?”, gesto interpretado como deboche pelos torcedores.
O episódio intensificou as vaias contra o jogador, que passou a ser hostilizado a cada toque na bola nos duelos seguintes, contra Grêmio e Del Valle, ambos em São Januário. Após uma assistência no segundo jogo, ele chegou a levar as mãos aos ouvidos em resposta à arquibancada e declarou: “não pode fazer nada” caso a torcida opte por seguir com as vaias.
João Victor humilde. 🤡🤡🤡🤡 pic.twitter.com/s9wB8h6Qcl
— ✠Estagiário do VASCO✠ (@EstagiarioVasco) July 23, 2025
Tensão aumenta com confusão e acusação de agressão
A eliminação na Sul-Americana não ficou restrita ao campo. Ainda em São Januário, o influenciador Krav Maroja registrou um boletim de ocorrência por agressão e ameaça, citando cinco envolvidos — entre eles, Marcelo Macedo, conhecido como Tangerina, vice-presidente de Relacionamento com a SAF.
O dirigente negou qualquer agressão, afirmando que apenas tentou afastar o torcedor dos agressores após identificar ataques nas redes sociais ao elenco e ao presidente Pedrinho.
Ruptura com a arquibancada e protestos contra Pedrinho
O reencontro com a torcida após a pausa para o Mundial de Clubes, na partida contra o Grêmio, trouxe novos sinais de esgotamento da paciência vascaína. Faixas com os dizeres “obrigação é ganhar no Caldeirão” e coros de “time sem vergonha” marcaram o ambiente em São Januário.
Três dias depois, diante do Del Valle, com o time perdendo por 1 a 0 e em desvantagem de cinco gols no agregado, a arquibancada abandonou o tradicional apoio e passou a protestar diretamente contra a diretoria, virando de costas para o campo e entoando xingamentos a Pedrinho.
Diante da crescente pressão, o presidente convocou uma coletiva para a tarde de quinta-feira (24), a fim de se posicionar diante dos torcedores e tentar conter a deterioração do ambiente interno e externo.
Sequência de resultados negativos agrava o ambiente
Dentro de campo, a equipe comandada por Fernando Diniz soma quatro partidas sem vitória: dois empates e duas derrotas. No Campeonato Brasileiro, o time ocupa a 16ª colocação, com 14 pontos — mesma pontuação do Santos, primeiro clube na zona de rebaixamento.
No retorno após a pausa, o Vasco perdeu para o Botafogo, empatou com o Grêmio, foi goleado pelo Del Valle fora de casa e voltou a empatar com os equatorianos em casa.
Apesar do volume ofensivo em algumas partidas, os resultados não vieram. Com isso, Diniz admitiu a dificuldade de buscar reforços devido às limitações orçamentárias e à política de austeridade da atual gestão.
“A gente tentou contratar o Hinestroza. Tentamos outros extremos que vinham jogando fora do Brasil, no México… mas os valores eram 10, 11, 8 milhões de euros. E não temos condições”, revelou o treinador.
Elenco limitado e reforços escassos geram cobrança interna
A ausência de reforços relevantes nesta janela de transferências se somou à presença de jogadores pouco utilizados ou já fora dos planos, como Puma Rodríguez, Lucas Oliveira, Mauricio Lemos, Sforza e Jean David. Até o momento, apenas Thiago Mendes foi contratado, e a diretoria busca ainda um zagueiro e um atacante de lado para reforçar o elenco antes do encerramento da janela do meio do ano.
“Vamos arriscar e esperar que dê certo. Como o Nuno, por exemplo, veio num pacote, ninguém conhecia e está dando retorno técnico”, completou Diniz. Ainda segundo ele, o clube tenta evitar riscos excessivos, mas admite que “os médios e altos riscos financeiros no mercado são inerentes ao esporte”.
Desafio imediato fora de casa
O próximo compromisso da equipe será no domingo (27), contra o Internacional, no Beira-Rio, às 18h30 (horário de Brasília). O jogo fora de casa abre uma sequência de três partidas consecutivas longe do Rio de Janeiro, incluindo o confronto com o CSA pela Copa do Brasil e depois com o Mirassol.