A eliminação precoce na Copa Sul-Americana acentuou a crise no Vasco. Após o empate em 1 a 1 com o Independiente del Valle, na noite de terça-feira (22), em São Januário, a torcida organizada Mancha Negra divulgou uma nota de repúdio direcionada à diretoria, à comissão técnica e ao elenco.
A publicação, divulgada nas redes sociais e amplamente repercutida entre os torcedores, refletiu a indignação com mais um revés em competições internacionais.
A nota começa com um tom de frustração: “A torcida se vê, mais uma vez, frustrada e desolada com a recente atuação do clube na Copa Sul-Americana. A derrota contra o Independiente del Valle, não é apenas mais um revés dentro de um torneio internacional, mas um reflexo da falta de planejamento, comprometimento e respeito com a história grandiosa do nosso clube”.
Em seguida, o comunicado questiona a postura do time em campo e a discrepância entre a tradição do clube e o desempenho apresentado.
“É inaceitável que, em uma competição de tamanha importância, um time com a tradição e o peso do Vasco da Gama apresente um desempenho tão abaixo do esperado. A partida contra o Independiente del Valle, que deveria ser um marco de superação, foi marcada por uma postura desorganizada, erros defensivos primários e um ataque ineficiente”.
O texto também criticou diretamente a falta de entrega dos atletas: “Nosso repúdio é com a falta de garra e a ausência de comprometimento que resultaram nessa dolorosa derrota. A torcida do Vasco não merece ver seu time em campo sem demonstrar a dignidade que nossa história exige”.
Eliminação sob protestos e clima tenso em São Januário
A partida de volta, disputada em casa, ficou marcada por protestos nas arquibancadas. A torcida hostilizou o presidente Pedrinho e outros membros da diretoria durante o jogo. O empate apenas consolidou a eliminação, após a goleada por 4 a 0 sofrida no jogo de ida, no Equador. O gol vascaíno foi marcado por Vegetti, mas a atuação do time gerou vaias mesmo após o tento.
O técnico Fernando Diniz optou por uma formação ofensiva, com o Vasco dominando a posse e criando chances, mas sem conseguir transformar o volume em gols. O Del Valle, por outro lado, aproveitou uma rara oportunidade para abrir o placar com Spinelli.
João Victor cruzou para Vegetti empatar, mas a pressão final não resultou em virada. Ao todo, o time carioca fez 36 cruzamentos na área adversária, mas só oito resultaram em finalizações.
Reação da diretoria e foco nas competições restantes
Com a eliminação confirmada, o Vasco volta suas atenções para o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil. O próximo compromisso será no domingo (27), contra o Internacional, às 18h30 (horário de Brasília), no Beira-Rio.
Fernando Diniz comentou, em entrevista coletiva, as dificuldades para reforçar o elenco. Segundo ele, a diretoria tentou contratar Marino Hinestroza, destaque do Atlético Nacional, mas a negociação fracassou.
“A gente tentou contratar o Hinestroza, vocês sabem. Quando começou a Libertadores, a gente estava mapeando o jogador com nossa equipe de scout. Foi o primeiro nome que veio à cabeça. Tentamos outros extremos que estão fora do país, mas os valores: 10 milhões de euros, 12 milhões de euros, 8 milhões de euros. E a gente não tinha condição. Para a gente contratar, é mais difícil mesmo”.
Além disso, o treinador reconheceu o cenário limitado para contratações: “Em relação a reforços, quando eu vim para cá eu sabia que existia uma escassez de recursos financeiros. A gente está no mercado, espero que a gente consiga contratar, mas não vai chegar um monte de jogador aqui. Vocês sabem disso, não tem recurso financeiro”.
Situação financeira limita mercado e obriga apostas
Sem recursos para grandes investimentos, a direção vascaína planeja apostar em nomes menos badalados, como foi o caso de Nuno. Diniz mencionou que o clube buscará opções mais acessíveis e que possam evoluir tecnicamente no decorrer da temporada. O treinador admitiu que será necessário correr riscos com jogadores pouco conhecidos.
Assim sendo, o Vasco enfrenta críticas internas e externas, enquanto tenta se reorganizar diante das limitações financeiras, da insatisfação dos torcedores e da pressão por resultados nas duas competições restantes da temporada.