A Universidad de Chile viveu uma das noites mais conturbadas de sua história recente durante o jogo de volta das oitavas de final da Copa Sul-Americana, na última quarta-feira (20 de agosto), em Avellaneda. A partida contra o Independiente foi interrompida ainda no início do segundo tempo, após uma série de episódios de violência entre torcedores nas arquibancadas do estádio Libertadores de América.
De acordo com o clube chileno, as agressões ocorridas nas dependências do estádio ultrapassaram os limites do aceitável no futebol. A instituição relatou que a torcida adversária invadiu o setor visitante e atacou os torcedores da La U, além de danificar o ônibus da delegação e tentar invadir o vestiário da equipe. Diante do cenário, a Conmebol optou por suspender a partida, citando a falta de garantias para a continuidade do jogo.
A diretoria da Universidad de Chile, liderada pelo presidente Michael Clark, deslocou-se até hospitais e delegacias da região de Avellaneda e Sarandí para acompanhar a situação dos torcedores afetados. Conforme o clube, 19 pessoas foram hospitalizadas, das quais 16 já receberam alta. Um dos torcedores, em estado grave com fratura no crânio, foi transferido para a UTI após cirurgia, mas apresentou melhora significativa.
Além disso, a equipe jurídica do clube foi acionada para oferecer apoio aos torcedores detidos. Segundo a Universidad, cerca de 100 torcedores chilenos foram presos, número que contrasta com a ausência de detenções entre os torcedores do Independiente, fato considerado “inexplicável” pelo clube. A instituição também agradeceu a atuação do cônsul do Chile em Buenos Aires, Andrea Concha, e do governo chileno, que enviou o ministro do Interior, Álvaro Elizalde, para prestar apoio aos cidadãos.
Em nota oficial, a Universidad classificou o episódio como “um dos capítulos mais violentos da história do futebol” e reiterou que as responsabilidades precisam ser apuradas. Conforme o clube, imagens amplamente divulgadas comprovam a falta de ação do clube organizador e das autoridades locais para conter os ataques.
Veja nota completa da La U
“A surra brutal e desumana sofrida por nossos torcedores na noite de 20 de agosto no estádio da Libertadores da América será lembrada como um dos capítulos mais violentos da história do futebol.
Após o cancelamento da partida pela CONMEBOL devido à falta de garantias da equipe organizadora e das autoridades locais, nosso clube se concentrou em entender a situação de nossos torcedores afetados.
Em meio a rumores de mortes e sem nenhuma informação oficial das autoridades, uma delegação liderada pelo presidente Michael Clark e pelo gerente geral Ignacio Asenjo visitou os três hospitais nas áreas de Avellaneda e Sarandí para onde nossos torcedores foram levados no início da manhã. Graças a isso, foi confirmado que, milagrosamente, não houve vítimas fatais.
O diretor José Ramón Correa viajou de Santiago na manhã de quinta-feira para prestar às vítimas o apoio jurídico que estamos prestando atualmente. Com o retorno da nossa delegação esportiva a Santiago, a equipe de dirigentes e executivos visitou novamente os hospitais Fiorito, Presidente Perón e Wilde, onde recebeu notícias animadoras. Dos 19 hospitalizados, 16 receberam alta, e o paciente, em risco de morte, foi transferido para a UTI graças a uma melhora significativa após cirurgia para correção de fratura no crânio.
Também verificamos a situação dos torcedores detidos na terceira e quarta delegacias de Avellaneda. Também agradecemos e apreciamos a enorme assistência prestada pelo Cônsul do Chile em Buenos Aires, Andrea Concha.
O Clube forneceu à imprensa todos os detalhes sobre as identidades dos torcedores detidos e feridos para que suas famílias e entes queridos tenham certeza, dada a escassez de informações oficiais.
Como nosso presidente afirmou em suas diversas declarações hoje, as questões esportivas ficam em segundo plano quando vidas humanas estão em jogo.
Quando as situações que afetam nossos torcedores forem resolvidas, as questões esportivas serão abordadas, e a U fará todo o possível para garantir que a justiça prevaleça, que os indivíduos violentos sejam punidos com todo o rigor da lei e que aqueles que não cumpriram seu dever de organizar adequadamente uma partida sejam punidos.
Na quinta-feira, ao meio-dia, houve uma reunião com o Embaixador José Antonio Viera-Gallo, a quem agradecemos por seus esforços e transmitimos a gratidão da U ao governo pelas medidas tomadas, incluindo a viagem do Ministro do Interior, Álvaro Elizalde, em nome de nossos torcedores.
Através de imagens amplamente divulgadas pela mídia e redes sociais, fica evidente a absoluta falta de proteção por parte do clube organizador e da polícia, que em nenhum momento garantiram a segurança de nossos torcedores e de nossa delegação.
A torcida do Independiente entrou sem impedimentos na área visitante, atacando os poucos torcedores azuis e brancos que ali permaneceram. Atos de extrema violência e desumanidade foram relatados, impossíveis de detalhar neste comunicado devido à sua brutalidade. Eles também quebraram as janelas do nosso ônibus e tentaram entrar no vestiário para agredir nossos jogadores. Nos impressiona o fato de que, diante das imagens brutais de violência que circularam em toda a mídia, há cerca de 100 torcedores chilenos presos e nenhum agressor do time da casa.
Como Clube, sempre condenamos a violência. Nossa preocupação neste momento continua sendo com todos os afetados, em ajudar a garantir que a justiça seja feita e em garantir que a barbárie de Avellaneda nunca mais se repita”.