A Football Association (FA) deve anunciar nesta sexta-feira (25), na Inglaterra, o tão aguardado veredito do processo que envolve Lucas Paquetá. O meio-campista brasileiro, atualmente no West Ham, é acusado de manipulação de resultados por supostamente forçar cartões amarelos para beneficiar apostadores em plataformas esportivas. O julgamento pode culminar com o banimento definitivo do atleta do futebol inglês.
A audiência teve início em 17 de março de 2025 e foi conduzida por um comitê independente. Embora o prazo inicial fosse de três semanas, o desfecho foi adiado diversas vezes. Tanto a defesa do jogador quanto a própria FA apresentaram seus argumentos ao colegiado, e ambas as partes ainda terão direito a recorrer da decisão final.
Acusações detalhadas: cartões em quatro jogos da Premier League
Segundo a acusação, Paquetá teria cometido infrações deliberadas em quatro partidas entre 2022 e 2023: contra Leicester, Aston Villa, Leeds United e Bournemouth. Nos lances sob suspeita, o jogador recebeu advertências após faltas aparentemente forçadas.
A FA argumenta que essas ações visavam alterar artificialmente o mercado de apostas, o que configura violação à Regra E5.1 do regulamento da entidade.
Além disso, a investigação aponta dois agravantes. De acordo com o jornal britânico The Sun, Paquetá teria usado um segundo telefone celular enquanto seu aparelho principal estava sob custódia da FA. Posteriormente, ele teria descartado o dispositivo reserva, o que é interpretado como possível tentativa de obstrução da apuração.
Impacto no clube, reação familiar e repercussão internacional
O processo gerou efeitos diretos nos bastidores do West Ham. O clube, que investiu 51 milhões de libras na contratação do jogador, estima perdas próximas a 80 milhões com a desvalorização do atleta e o cancelamento de negociações, incluindo uma transferência ao Manchester City.
O técnico Graham Potter já havia cobrado publicamente uma resolução para que pudesse estruturar o elenco na atual janela de transferências do meio do ano.
Em campo, Paquetá demonstrou sinais de abalo emocional. Após ser advertido em partida contra o Tottenham, o jogador chorou ao fim do jogo. Sua esposa, Duda Fournier, afirmou que a situação afetava diretamente sua saúde mental, e criticou a condução do caso pela FA.
Interesses de Flamengo e Manchester City
Enquanto aguarda a sentença, Lucas Paquetá também segue sendo observado de perto por outras equipes. O Flamengo, clube onde foi revelado, acompanha atentamente o desfecho. Internamente, a diretoria rubro-negra vê na eventual absolvição uma rara oportunidade de repatriá-lo, caso as punições não impeçam sua atuação no futebol sul-americano.
Simultaneamente, o Manchester City ainda mantém interesse em sua contratação. Antes da formalização da acusação, a negociação com o clube inglês estava avançada. O jornalista Ben Jacobs, da CBS Sports, afirmou que existe expectativa nos bastidores por um veredito favorável ao jogador.
O ex-CEO do West Ham, Keith Wyness, também declarou acreditar na inocência do meia: “Minhas fontes me disseram que o caso já estava consumado. Ele inocentado. Por que a demora, a menos que haja nova evidência de última hora?”.
Envolvimento familiar e investigações paralelas
Além do processo na Inglaterra, o nome de Paquetá apareceu em investigações conduzidas no Brasil. A Comissão Parlamentar de Inquérito da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas solicitou o indiciamento de Bruno Tolentino, tio do jogador, por suspeita de envolvimento em esquemas semelhantes.
Segundo as apurações, Tolentino teria transferido altas quantias a atletas, incluindo R$ 30 mil para Luiz Henrique, ex-Botafogo, em fevereiro de 2023.