No sábado (21), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que as forças armadas americanas realizaram ataques aéreos contra três instalações nucleares localizadas no Irã: Fordow, Natanz e Esfahan.
A ofensiva ocorreu após dias de especulação e foi confirmada por Trump em publicações na rede Truth Social. “Concluímos nosso ataque bem-sucedido às três instalações nucleares no Irã, incluindo Fordow, Natanz e Esfahan. Todos os aviões estão agora fora do espaço aéreo iraniano”, declarou o presidente americano.
O bombardeio foi executado com seis aeronaves B-2 Spirit da Força Aérea dos EUA, que utilizaram bombas GBU-57, conhecidas como “destruidoras de bunkers”, projetadas para penetrar estruturas subterrâneas. Em Fordow, foram empregadas essas bombas antibunker, enquanto em Natanz e Esfahan foram lançados 30 mísseis Tomahawk a partir de submarinos posicionados a cerca de 640 quilômetros de distância.
Fordow: alvo subterrâneo de alta complexidade
Localizada ao sul de Teerã, Fordow é uma instalação nuclear construída 100 metros abaixo de uma montanha, fato que a tornava um desafio militar para qualquer ofensiva aérea. A usina foi projetada para enriquecer urânio em níveis superiores e já havia sido identificada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) como local onde foram encontradas partículas de urânio enriquecido a 83,7% — próximo ao nível necessário para a fabricação de armamentos nucleares.
Mesmo com o uso das bombas de alta penetração, ainda há incertezas sobre os reais danos provocados pela ofensiva. A AIEA informou que, até o momento, não houve detecção de radiação nas áreas próximas aos complexos atingidos.
Reações imediatas e escalada de tensão
Após a operação, a TV estatal do Irã classificou os cidadãos e militares americanos como “alvos legítimos”. O Parlamento iraniano aprovou imediatamente o bloqueio do Estreito de Ormuz, rota por onde passa aproximadamente 20% do petróleo global.
A medida é vista como uma das primeiras ações retaliatórias contra os ataques liderados por Washington.
O chanceler iraniano, Abbas Araghchi, declarou que os EUA “cruzaram a linha vermelha” e afirmou que a diplomacia foi “explodida” com os bombardeios. Ele também anunciou que se reunirá com Vladimir Putin em Moscou nos próximos dias.
Opinião: risco calculado ou imprudência estratégica?
Em análise publicada no G1, a jornalista Sandra Cohen destacou que a decisão de Trump representa uma aposta elevada. “O presidente arrisca seu mandato e o desejado legado de pacifista se o bombardeio limitado arrastar os EUA para outra guerra no Oriente Médio”, avaliou.
Segundo Cohen, o ataque pode ter consequências duradouras para a estabilidade regional e para a segurança das tropas americanas, que contam com cerca de 40 mil soldados posicionados em bases próximas ao Irã.
A jornalista também ressaltou que, embora Trump alegue um sucesso militar “espetacular”, o Irã poderá buscar uma saída honrosa, recorrendo à retaliação direta ou cibernética, o que poderia extrapolar os limites de uma operação cirúrgica.
Declarações e apoio internacional
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, foi informado previamente sobre os planos de ataque e agradeceu aos Estados Unidos, afirmando que a operação “vai mudar a história”. Já o presidente da Câmara dos EUA, Mike Johnson, comentou que a ofensiva deve servir como “um lembrete claro aos nossos adversários e aliados de que Trump cumpre o que fala”.
Enquanto isso, líderes mundiais, incluindo representantes da ONU, União Europeia e países do Golfo, expressaram preocupação com os desdobramentos da operação e o risco de agravamento do conflito regional.