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Ex-Globo largou a TV para dar aulas em presídios

O artista abriu mão de bens materiais, vendeu o que possuía e adotou um estilo de vida simples

Eduardo Tornaghi iniciou sua carreira artística na década de 1970, período em que passou a integrar o elenco fixo da Globo. Nascido no Rio de Janeiro, em 1951, o ator conquistou notoriedade ao participar de produções emblemáticas da emissora, como A Moreninha (1975), Sinhazinha Flô (1977), Ciranda Cirandinha (1978), Vereda Tropical (1984) e O Salvador da Pátria (1989).

Seu desempenho em Dancin’ Days (1978) e A Gata Comeu (1985) consolidou sua imagem de galã nacional, tornando-se um dos rostos mais conhecidos da TV brasileira entre os anos 1970 e 1980.

Decisão de se afastar da mídia

Ainda nos anos 1980, o ator optou por deixar de lado a carreira na televisão. Em uma entrevista concedida em 2015, Tornaghi declarou que abandonou o meio artístico por não se sentir mais à vontade com a exposição e os interesses financeiros envolvidos:

“Eu virei um produto, uma pessoa que dá lucro. Acabei preso numa gaiola de ouro porque essa exposição toda dá dinheiro, claro, e isso acaba te botando numa prisão. Porque dinheiro é uma droga. Ele envenena. A gente entra num jogo de interesses e pira se não souber lidar. Não era o que eu queria e me afastei. Hoje, não tenho mais aquela grana, mas estou livre”.

Mesmo após o afastamento, ele ainda fez aparições pontuais na Globo, com participações em Pátria Minha (1994), Carga Pesada (2006) e Rock Story (2016), mas nenhuma dessas experiências resultou em um retorno definitivo à dramaturgia. Segundo ele:

“Volta e meia, um produtor me chama para algum trabalho. Nunca vinga. Ainda tenho aqueles velhos amigos querendo me ver trabalhando na TV, mas nunca dá certo. Talvez porque sempre tenho mais o que fazer!”.

Atuação social e educação alternativa

Afastado das novelas, Tornaghi passou a se dedicar ao ensino de teatro em ambientes considerados socialmente marginalizados. Desde o fim da década de 1980, ele ministra oficinas em presídios e em acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

O artista abriu mão de bens materiais, vendeu o que possuía e adotou um estilo de vida simples, voltado para ações educativas e comunitárias.

Vida atual e produção poética

Atualmente, Eduardo Tornaghi mantém presença nas redes sociais, especialmente no Instagram, onde compartilha vídeos recitando poemas e textos autorais.

Ele também solicita contribuições financeiras por meio de pix, convidando seus seguidores a “alimentarem a fonte”, como forma de reconhecimento pelo conteúdo literário que oferece.

Reconhecimento e legado

Entre 1973 e 1985, Tornaghi participou de 12 novelas na televisão. Sua transição para uma vida voltada à arte educativa e à poesia representa uma ruptura consciente com os padrões de fama e consumo que marcaram sua juventude na TV.

Sua trajetória, aliás, destaca-se como um exemplo de reorientação de vida e atuação social, ainda que fora dos holofotes tradicionais da mídia.