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Família de Juliana Marins denuncia série de golpes após morte de brasileira

A família de Juliana Marins, jovem de 26 anos encontrada sem vida após quatro dias de buscas no Monte Rinjani, na Indonésia, enfrenta agora mais uma sequência de situações dolorosas. Depois da tragédia que resultou na morte da brasileira, parentes passaram a ser alvo de golpes virtuais envolvendo o nome da publicitária.

Conforme alertaram os familiares em publicações recentes, criminosos criaram perfis falsos nas redes sociais para solicitar doações financeiras em nome da vítima. Essas páginas apócrifas utilizam fotos pessoais de Juliana e, em alguns casos, simulam campanhas de ajuda que jamais foram autorizadas.

A família, por meio de seu canal oficial, pediu atenção redobrada e recomendou que qualquer pedido de apoio seja verificado antes de qualquer transferência de recursos.

Reclamações contra o resgate e desinformações agravaram a dor

A perda da carioca ganhou contornos ainda mais revoltantes diante das acusações de negligência atribuídas à equipe de resgate indonésia. De acordo com relatos divulgados pelos parentes, Juliana ainda estava viva por, pelo menos, 24 horas após a queda, e poderia ter sido salva caso tivesse recebido assistência no prazo de sete horas.

“Juliana sofreu uma grande negligência por parte da equipe de resgate”, afirmaram os administradores do perfil oficial da família, acrescentando: “Se a equipe tivesse chegado até ela dentro do prazo estimado de 7h, Juliana ainda estaria viva”.

Ainda segundo as publicações, houve falhas operacionais, como o uso de cordas curtas para a operação e paralisações causadas por mudanças climáticas. Além disso, os parentes receberam informações falsas durante os dias de busca, incluindo a afirmação de que a brasileira havia sido localizada e alimentada por socorristas, o que se revelou incorreto.

Juliana despencou aproximadamente 250 metros ao ser abandonada por seu guia e pelo grupo com quem realizava a trilha. Um drone operado por turistas ainda conseguiu registrar a jovem com vida. Contudo, a comunicação entre os locais da queda e a sede do parque nacional foi dificultada pela ausência de sinal, clima e pela distância, o que atrasou o início das buscas mais intensas.

Declarações emocionadas e comoção nas redes

O pai de Juliana, Manoel Marins, embarcou de Lisboa com a esperança de encontrar a filha com vida. Porém, ao chegar ao destino, já havia recebido a confirmação da morte. Em uma rede social, desabafou com uma citação: “Pedaço tirado de mim”, acompanhada de uma foto da filha e de um trecho da canção homônima de Chico Buarque.

Aliás, desde o início das buscas, a mobilização por justiça e por respostas concretas foi intensa. A própria administração do Parque Nacional do Monte Rinjani emitiu nota oficial lamentando o ocorrido:

“Expressamos nossas mais profundas condolências à família, amigos e colegas da vítima. Que eles recebam força e coragem para enfrentar este desastre”.

Mochilão pela Ásia e trajetória interrompida

A publicitária, natural do Rio de Janeiro e moradora de Niterói, havia iniciado uma viagem de longo prazo pela Ásia em fevereiro. Passou por países como Filipinas, Vietnã e Tailândia antes de chegar à Indonésia. Formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), também atuava como dançarina de pole dance.

Surpreendentemente, além dos entraves no resgate, os pais da jovem ainda se depararam com a ausência de amparo legal para o translado do corpo. A legislação brasileira não prevê que o Itamaraty arque com os custos dessa operação em situações como a enfrentada pela família Marins.

A sucessão de negligências, equívocos operacionais, informações errôneas e, posteriormente, os golpes digitais, tornaram ainda mais trágico o desfecho do caso que comoveu o país. O sentimento de injustiça permanece, enquanto os parentes buscam responsabilizações formais e expõem publicamente os abusos sofridos antes e depois da perda irreparável.