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Os bastidores da desistência do Flamengo por Mikey Johnston

A diretoria seguirá no mercado, mas agora com maior cautela para evitar desgastes similares

O Flamengo cancelou oficialmente a contratação do atacante irlandês Michael Johnston, do West Bromwich. O atleta de 26 anos tinha chegada prevista ao Rio de Janeiro nesta terça-feira (08), mas foi comunicado pela diretoria rubro-negra de que o acordo estava desfeito. Assim, ele permanecerá na Inglaterra, onde tem vínculo com o clube da Championship.

Pressão interna e rejeição popular

Inicialmente, o clube considerava Johnston como uma opção para reforçar o elenco comandado por Filipe Luís. Contudo, a movimentação foi alvo de críticas nas redes sociais. Torcedores rubro-negros demonstraram forte insatisfação, especialmente diante dos números recentes do jogador. Na última temporada europeia, o atacante disputou 41 partidas, marcou três vezes e distribuiu cinco assistências.

Diante da repercussão, setores da alta cúpula do clube questionaram a efetividade da contratação e solicitaram a revisão do negócio. A pressão interna foi liderada por dirigentes influentes, entre eles Luiz Eduardo Baptista, o Bap, que recomendou o recuo imediato nas tratativas.

Relatório médico desaconselhando o negócio

Outro fator determinante para a desistência foi a conclusão do relatório médico assinado por José Luiz Runco e Luiz Augusto Macedo. De acordo com os especialistas do clube, embora Johnston não apresentasse lesões em atividade, havia incertezas sobre sua capacidade de suportar a intensidade do calendário brasileiro.

Segundo o documento, elaborado a partir de exames prévios e dados físicos, o atacante apresentava riscos relacionados à sequência de jogos exigida no futebol nacional.

A recomendação médica causou desconforto na equipe de análise de desempenho e na área de futebol, que não consideraram haver impeditivos clínicos no histórico recente do jogador. Um integrante da comissão avaliou que “o departamento médico não deveria ter esse poder de veto” e demonstrou surpresa com o desfecho da situação.

Valor elevado gerou dúvidas

O valor envolvido no acordo também gerou debates internos. A diretoria precisaria desembolsar aproximadamente 5 milhões de libras esterlinas, o que representa cerca de R$ 38 milhões, além de bônus contratuais atrelados ao desempenho esportivo.

Diante do investimento considerado elevado, a resistência aumentou, sobretudo após o desgaste público e a análise médica desfavorável.

Histórico do atleta

Formado pelo Celtic, Johnston também passou pelo Vitória de Guimarães antes de atuar no West Bromwich. Embora tenha nascido na Escócia, optou por representar a seleção da Irlanda. Sua última lesão relevante ocorreu em 2022, e desde então, vinha mantendo uma sequência regular de jogos, ainda que sem grande impacto técnico.

Clima no clube e próximos passos

Internamente, dirigentes reconheceram que a operação foi mal conduzida e que a ordem de anúncios pode ter intensificado o descontentamento. A avaliação é de que a chegada de Johnston não causaria tamanho impacto negativo se outros nomes tivessem sido revelados antes. Conforme apuração do GE, a diretoria seguirá no mercado, mas agora com maior cautela para evitar desgastes similares.

“O entendimento é que a análise de qualquer jogador não pode ficar refém do julgamento nas redes sociais”, revelou um membro da comissão, em condição de anonimato.