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Organizada do Palmeiras é condenada a pagar caminhão de dinheiro à família de torcedor do Cruzeiro

A Justiça de São Paulo condenou a torcida organizada Mancha Alviverde, principal facção ligada ao Palmeiras, ao pagamento de R$ 1 milhão por danos morais à família de José Victor dos Santos, torcedor do Cruzeiro que perdeu a vida em uma emboscada no interior paulista. O caso ocorreu em outubro de 2024, nas proximidades de Mairiporã, na Rodovia Fernão Dias, e resultou também em outros 17 torcedores feridos.

Segundo os registros do processo, a emboscada foi protagonizada por integrantes da Mancha Verde, que interceptaram veículos com torcedores da equipe mineira. Durante a ação, houve agressões físicas e até o incêndio de um ônibus. José Victor não resistiu aos ferimentos e morreu no local. A ofensiva teria sido uma represália a um ataque anterior, ocorrido em 2022, quando torcedores do Palmeiras foram vítimas de emboscada organizada pela torcida rival.

Escudo do Cruzeiro (Fotos: Gustavo Martins/ Cruzeiro)
Escudo do Cruzeiro (Fotos: Gustavo Martins/ Cruzeiro)

A defesa do Palmeiras, citado no processo, sustentou que o clube não tem qualquer vínculo formal com a Mancha Verde. Assim sendo, a equipe paulista não foi incluída entre os responsabilizados na decisão judicial. Já a organizada foi considerada culpada com base no Estatuto do Torcedor e na Lei Geral do Esporte, dispositivos legais que preveem punições civis em casos de violência envolvendo torcidas organizadas.

O juiz responsável pelo caso destacou que a decisão visa, além de reparar a dor da família enlutada, funcionar como um instrumento de combate à violência no futebol. “A responsabilização civil da torcida é essencial para coibir novos episódios de barbárie nos estádios e fora deles”, diz um trecho da sentença. A multa poderá ser corrigida monetariamente e terá juros de mora, caso não seja quitada no prazo legal.

Além da indenização, a organizada também deverá arcar com os custos processuais e os honorários advocatícios. A decisão, entretanto, ainda é passível de recurso, o que permite que a Mancha Verde tente revertê-la em instâncias superiores. Apesar disso, a condenação é considerada um marco nas ações judiciais que envolvem atos de violência cometidos por torcidas organizadas no Brasil.

Paralelamente à decisão, o ex-presidente da Mancha Verde, Jorge Luis Sampaio Santos, se entregou à Justiça em dezembro do ano passado, após renunciar ao cargo. Ele é apontado como o mentor intelectual da emboscada que vitimou José Victor. Segundo as investigações, mais de 100 membros da torcida participaram do ataque premeditado à delegação rival.

Atualmente detido em Guarulhos II, Jorge Luis teve a transferência solicitada por seus advogados para a penitenciária de Tremembé, conhecida por receber presos de alta notoriedade. A defesa alega preocupação com a segurança do ex-dirigente, visto que ele poderia entrar em contato com membros de torcidas rivais na unidade atual. O pedido ainda está sob análise da Justiça.