O Corinthians tenta viabilizar, ainda em agosto, a liberação de R$ 57 milhões junto à Liga Forte União (LFU). A operação financeira em negociação inclui duas frentes: o adiantamento de R$ 27 milhões referentes à receita variável por desempenho no Campeonato Brasileiro, e um empréstimo adicional de R$ 30 milhões, com taxa de CDI (atualmente em 14,9% ao ano) mais 3%.
A antecipação da receita não exige aval dos órgãos internos do clube, pois já integra o orçamento de 2025 e não incide juros sobre o valor. Por outro lado, o empréstimo precisa ser aprovado internamente, o que já ocorreu por parte do Conselho de Orientação (CORI) do Corinthians.
Condição contratual e cláusula de saída
Para liberar o empréstimo, a LFU exige a prorrogação do contrato vigente com o Corinthians, estendendo o vínculo de 2029 para 2030. Embora a diretoria considere a condição desfavorável, o clube aceita avançar com a operação caso seja incluída uma cláusula de saída.
A proposta permitiria a rescisão antecipada do novo vínculo, desde que o valor emprestado fosse devolvido com correções previstas.
Destinação dos recursos
A diretoria, atualmente comandada por Osmar Stabile, pretende usar os recursos para quitar salários de jogadores e funcionários, além de pagar prêmios pendentes e dívidas com fornecedores. Parte do valor também pode ser destinada à contratação de reforços para o elenco principal masculino, conforme necessidade imediata do setor de futebol.
Uma das situações mais sensíveis envolve o atacante Memphis Depay, que tem altos valores a receber. O nome do jogador tem aparecido com frequência nos bastidores do clube por conta de pendências financeiras.
Histórico recente de operações com a Liga
Em maio deste ano, após o afastamento de Augusto Melo e a posse interina de Stabile, o Corinthians já havia antecipado R$ 22 milhões por meio do contrato com a LFU. No ano anterior, o clube havia fechado um empréstimo de R$ 150 milhões com a mesma instituição, sob as mesmas condições de juros aplicadas atualmente.
O presidente interino comentou a situação do clube durante entrevista coletiva realizada na segunda-feira (28): “Recebemos o Corinthians sem fluxo de caixa para maio, junho e julho. Praticamente sem nada, o que tinha de receber foi em janeiro e fevereiro, só que o dinheiro foi utilizado de uma forma que não sei, não chegou no futebol.”
Stabile também explicou a dinâmica orçamentária enfrentada pela atual gestão:
“Por que não pagou os prêmios? 40% do que tínhamos que receber da Liga já recebemos, só que o fluxo de movimentação do dinheiro é assim: você recebe no início e no fim do ano. E o meio, não vive? Vive e precisamos de dinheiro. Entra dinheiro, mas entra no começo e no final. E o meio? Como eu disse, estamos correndo atrás, quando deveríamos estar correndo na frente.”
Outros aportes esperados
Além da negociação com a LFU, o Corinthians aguarda a entrada de R$ 50 milhões da Nike em agosto, como luvas pela renovação do contrato de fornecimento de material esportivo. Para 2026, a fornecedora prevê mais duas parcelas de R$ 25 milhões cada, totalizando R$ 100 milhões ao longo do novo vínculo.
O clube também projeta arrecadar pelo menos R$ 100 milhões com a venda de jogadores durante a janela de transferências do meio do ano, como estratégia complementar para equilibrar o caixa até dezembro.
Receitas de TV e cenário geral
A expectativa do Corinthians é receber R$ 210 milhões em 2025 pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro. Desse total, cerca de R$ 100 milhões já entraram no caixa do clube, enquanto o restante deverá ser pago no fim da temporada.
Embora conte com aportes previstos, a diretoria avalia que o fluxo de receitas ao longo do ano permanece desalinhado com as obrigações mensais. A antecipação e o novo empréstimo aparecem, assim, como tentativas emergenciais para evitar atrasos e manter a operação em andamento.