A decisão da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) de eliminar os tradicionais carros de som nos desfiles da Marquês de Sapucaí marcará uma mudança significativa no Carnaval do Rio de Janeiro a partir de 2026. O anúncio foi feito por Gabriel David, presidente da entidade, que justificou a medida com base em críticas à qualidade sonora dos desfiles e no avanço das tecnologias aplicadas à sonorização.
Anteriormente, os carros de som acompanhavam os puxadores de samba e músicos ao longo do desfile. No entanto, conforme avaliação técnica recente, esses veículos vinham sendo pouco utilizados pelas escolas, representando um custo elevado e com pouca efetividade prática. A nova solução envolve a implementação de um sistema moderno, inspirado em apresentações musicais ao vivo, com retorno de som via fones de ouvido para cantores e músicos.
“Tudo que vocês vão ver de som no próximo carnaval é novo. Absolutamente tudo. Das caixas de som à forma com que elas são conectadas, à mesa”, explicou Gabriel David, em entrevista ao podcast Sambapod.
Para chegar à nova proposta, a Liesa promoveu testes técnicos com bateria e estrutura de áudio montada na Sapucaí. Segundo o dirigente, a experiência apresentou um som radicalmente distinto do que foi utilizado nas últimas três décadas. “Fizemos uma nova testagem, com som radicalmente diferente daquilo que tivemos no Carnaval dos últimos 30 anos”.
Além disso, a reestruturação atinge também os ensaios técnicos das escolas. A partir de 2026, as agremiações não serão mais obrigadas a ensaiar nos fins de semana que antecedem o Carnaval. Os ensaios com estrutura completa de luz e som serão concentrados nas duas semanas que antecedem o desfile oficial. O restante da preparação ocorrerá nas quadras ou nas ruas, a fim de otimizar recursos e preservar os integrantes das escolas.
“A ideia é otimizar o calendário e preservar os desfilantes. Em vez de fazer um ensaio por final de semana, a gente vai concentrar e dar mais liberdade para as escolas se organizarem antes”, pontuou Gabriel David.
A mudança tem gerado expectativa entre integrantes das escolas de samba e especialistas em carnaval, que observam com atenção os testes e a adaptação das agremiações à nova dinâmica sonora. A nova estrutura ainda está sendo avaliada e ajustada pela Liesa, mas será implantada já no próximo desfile.
Gabriel destacou ainda que, com os fones de ouvido, os intérpretes terão retorno de áudio mais preciso durante o desfile, permitindo maior controle vocal e uniformidade na apresentação. “É dali que todos os artistas vão ter o retorno”, afirmou o dirigente.