Na novela Dona de Mim, a trajetória de Filipa, interpretada por Cláudia Abreu, ganha novos contornos ao ser oficialmente diagnosticada com transtorno bipolar. A revelação médica ocorre após uma sequência de episódios que evidenciam os sintomas da condição, culminando em uma crise intensa que leva a personagem a ser socorrida por familiares.
Anteriormente, Filipa já havia recebido a orientação para iniciar tratamento psiquiátrico, mas, conforme mostrado, abandonou a medicação, o que agravou sua situação. A morte de Abel (Tony Ramos) e a demissão do emprego como atendente de telemarketing funcionaram como gatilhos para o novo surto, no qual ela apresentou comportamento descontrolado, incluindo consumo excessivo de álcool, exposição pública e alucinações.
Após o surto, a personagem é levada ao hospital por Nina (Flora Camolese) e Jaques (Marcello Novaes). No atendimento, recebe sedativos e, no dia seguinte, comparece à consulta com um psiquiatra. O médico confirma o diagnóstico e aponta que Filipa demonstrava sinais claros da doença, como períodos de euforia intensa, insônia, excesso de energia e, eventualmente, episódios de mania, caracterizados por ideias de grandeza, impulsividade e até delírios.
Diante da explicação médica, Jaques reage com incredulidade: “Transtorno de bipolaridade. Tudo tem que ter um rótulo hoje. Não pode ser só infelicidade?”. Já Filipa, visivelmente abalada, expressa insegurança quanto ao impacto do tratamento em sua identidade. “Eu vou deixar de ser eu…”, desabafa. O psiquiatra, por sua vez, busca tranquilizá-la: “Não. É o transtorno que faz você deixar de ser você. Se ele for controlado, você está livre”.
O quadro da personagem é coerente com o que define o transtorno bipolar, segundo o psiquiatra Antonio Egídio Nardi, professor da UFRJ. Conforme ele explica, a doença é marcada por episódios alternados de depressão e mania, intercalados por períodos de estabilidade emocional. O tratamento requer uso de estabilizadores de humor, como o carbonato de lítio, associado à psicoterapia e a um estilo de vida saudável. “Uma vida sem drogas, sem álcool e com atividade física regular ajuda muito no tratamento”, afirma o especialista.
Além disso, o médico reforça a importância do apoio familiar durante o processo de tratamento, destacando que o entendimento do transtorno por parte dos parentes contribui diretamente para a adesão às orientações clínicas e para o bem-estar geral do paciente.
Ao final da consulta, Jaques reafirma seu apoio à Filipa, enquanto ela promete seguir corretamente o tratamento, em uma tentativa de retomar o controle da própria vida. “Você não vai se livrar da gente”, diz ele, em tom de carinho e compromisso.