O Santos acumula, ao longo da atual década, uma série de rescisões com treinadores que geraram despesas milionárias. A mais recente envolve Cléber Xavier, desligado do comando da equipe no domingo (17 de agosto), logo após a goleada por 6 a 0 sofrida para o Vasco, no Morumbis, pela 20ª rodada da Série A. O treinador havia assumido a equipe no fim de abril e deixou o cargo com apenas 15 jogos disputados, cinco vitórias, quatro empates e seis derrotas, o que representou um aproveitamento de 42,2%.
A rescisão contratual de Cléber Xavier custará ao clube pouco mais de R$ 1 milhão, valor baseado no pagamento de três salários mensais de R$ 350 mil. A quantia, entretanto, pode crescer caso outros membros da comissão técnica, como Matheus Bacchi e Fábio Mahseredjian, também sejam desligados. Inicialmente, a diretoria santista pretende mantê-los, sendo que Bacchi deve comandar a equipe contra o Bahia no próximo domingo (24 de agosto), às 16h (horário de Brasília), pela 21ª rodada.
Cléber foi o terceiro técnico a deixar o Santos em 2025. Antes dele, Pedro Caixinha teve passagem breve pelo clube, com 16 partidas e uma multa rescisória de 2 milhões de euros (cerca de R$ 12,7 milhões). O estafe do português levou a disputa para a Fifa, exigindo o pagamento integral à vista, enquanto o clube propôs parcelamento até dezembro de 2026, fim da gestão do presidente Marcelo Teixeira.
A instabilidade no comando técnico não é recente. Em 2024, Fábio Carille deixou o Santos com uma dívida de R$ 4,1 milhões, incluindo a multa rescisória e bônus pelo acesso à Série A. No ano anterior, em 2023, quando o clube foi rebaixado, as demissões de Odair Hellmann, Paulo Turra e Diego Aguirre também geraram altos custos. Hellmann teve multa de cerca de R$ 3 milhões, Turra cobrou quase R$ 1 milhão na Justiça, e Aguirre recebeu R$ 1,5 milhão, valor equivalente a três salários.
As despesas com técnicos demitidos ainda incluem cifras expressivas pagas a Fabián Bustos, que recebeu cerca de R$ 6,7 milhões após condenação do Santos na Fifa, em 2022. Situações semelhantes ocorreram com Lisca, Fernando Diniz e Ariel Holan, todos com passagens curtas e encerramentos de contrato com compensações diversas, ainda que algumas não tenham incluído multas formais.
A diretoria santista tem enfrentado forte pressão dos torcedores, que vaiaram a equipe após o revés contra o Vasco e chegaram a pedir o retorno de Jorge Sampaoli. O argentino foi sondado anteriormente, mas segue livre no mercado, assim como Juan Pablo Vojvoda, outro nome cogitado para assumir o comando técnico.
Após a saída de Cléber, o clube busca alternativas em meio a uma temporada marcada por instabilidade técnica e dificuldades financeiras. A quantidade de trocas de treinadores nos últimos anos evidencia um padrão de decisões que, cumulativamente, pressiona o orçamento do Santos e compromete parte do planejamento a médio prazo.
“ O Santos Futebol Clube comunica a saída do técnico Cléber Xavier. O clube agradece os serviços prestados pelo treinador e deseja sorte na sequência da carreira ”.