A poucos dias de um confronto decisivo na Copa Libertadores, o Flamengo se viu no centro de uma polêmica extracampo. O presidente do clube, Luiz Eduardo Baptista, o Bap, anunciou recentemente a meta de transformar o Rubro-Negro no “Real Madrid das Américas”, declaração que repercutiu de forma negativa entre comentaristas esportivos.
A fala do dirigente foi feita logo após a confirmação do novo patrocínio máster da equipe, avaliado em R$ 895 milhões até 2028. Contudo, o momento escolhido para essa projeção pública gerou críticas de especialistas, principalmente pelo contexto de pressão enfrentado pela equipe às vésperas de uma decisão continental.
O jornalista Mauro Cezar Pereira foi um dos principais críticos da declaração. Durante participação no programa “Bate-Pronto”, da Jovem Pan, ele ressaltou a inoportunidade do discurso em meio a um cenário decisivo.
“Na véspera do jogo está o presidente do Flamengo falando que quer ser Real Madrid. E outra coisa: o Real Madrid ganhou o quê ano passado? Ter dinheiro não significa ter tudo”.
Mauro também destacou que, diante da importância do duelo contra o Internacional, pela partida de volta das oitavas de final, o Flamengo deveria manter total concentração no campo, evitando qualquer ruído externo que pudesse desviar o foco dos atletas.
“O Flamengo tem um jogo decisivo hoje contra o Internacional e eu acho que tem que pensar em se classificar na Libertadores e só. Não é hora de falar esse tipo de coisa”.
Aliás, o jornalista alertou sobre as possíveis consequências de uma eventual eliminação, sugerindo que as declarações de grandeza poderiam ser usadas contra o clube em caso de fracasso esportivo. Segundo ele, “o Flamengo vai virar alvo de chacota”, caso não avance na competição continental.
Atualmente, o Flamengo leva uma vantagem mínima para o duelo de volta, após vencer o Internacional por 1 a 0 no Maracanã. A partida decisiva ocorre nesta quarta-feira (20), às 21h30 (horário de Brasília), no Beira-Rio. Um empate garante o Rubro-Negro nas quartas de final, enquanto uma derrota simples leva a disputa para os pênaltis.
Ainda segundo Mauro Cezar, o discurso do presidente reflete mais vaidade do que planejamento. Para ele, o clube deveria agir com humildade diante do momento.
“Quero ser o Real Madrid, não acho que seja uma hora adequada para isso. O Flamengo deveria estar pensando só no jogo do Internacional”.
Em síntese, a declaração de Bap trouxe à tona um debate sobre postura institucional em momentos decisivos. Afinal, no futebol, projeções ambiciosas costumam gerar cobranças proporcionais — e o desempenho em campo acaba sendo o termômetro mais implacável de todos.
