Na terça-feira (19), a Globo surpreendeu ao romper com sua tradição no Jornal Nacional e dar espaço de destaque a executivos das principais concorrentes.
A emissora exibiu entrevistas com Marcus Vinicius Vieira, CEO da Record, Cláudio Luiz Giordani, representante do Grupo Bandeirantes, e Daniela Abravanel Beyruti, presidente do SBT, durante reportagem sobre a chegada da TV 3.0 no Brasil.
A matéria, apresentada por Renata Vasconcellos, mostrou a Set Expo 2025, considerado o maior evento de mídia e entretenimento da América Latina. A pauta central foi a DTV+, também chamada de TV 3.0, que unirá o sinal aberto à internet de forma gratuita e interativa.
A repórter Renata Ribeiro explicou que a novidade permitirá ao público desde personalizar transmissões esportivas até realizar compras durante anúncios.
Fala dos executivos
Na reportagem, Paulo Marinho, diretor-presidente da Globo, foi o primeiro a se manifestar.
“O consumidor brasileiro, a audiência brasileira de maneira geral, tem uma característica que é abraçar as novas tecnologias, abraçar todas as formas de consumo de conteúdo, e se engaja com muita força em torno de todas essas experiências.”
Em seguida, Marcus Vinicius Vieira, da Record, destacou os planos de investimento.
“A gente vai ter todo tipo de investimento. Seja no entretenimento, no esporte, em qualquer situação, em tecnologia. A gente quer isso, a gente quer se tornar uma empresa cada vez mais presente com tecnologia e, claro, mantendo o nosso DNA que sempre foi de TV aberta, e tendo essa conexão com o público brasileiro que a gente sempre teve.”
Cláudio Giordani, da Band, ressaltou o impacto da novidade na relação com a audiência.
“Muda a relação com o consumidor final, nós vamos conhecer quem está na nossa audiência, do outro lado, conhecer melhor o nosso telespectador, e poder produzir conteúdo ultrassegmentado pra ele.”
Por fim, Daniela Beyruti, do SBT, reforçou a união das emissoras diante da inovação.
“A gente continua sendo concorrentes, mas naquilo que a gente precisa se unir em favor do setor, eu acho que é isso está fazendo, trabalhando em favor do nosso meio, em favor do nosso setor, então é extremamente importante isso. Para todos.”
Repercussão e troca de espaços
O gesto foi classificado como incomum, já que o Jornal Nacional historicamente evita dar visibilidade a dirigentes de outras emissoras. Contudo, nesse caso, a cobertura se alinhou ao espírito de cooperação tecnológica do setor.
A Record, o SBT e a Band também deram espaço em seus noticiários ao evento e aos executivos, configurando uma rara troca de vitrines na TV brasileira.
Situação paralela na Globo
Enquanto o telejornal ganhava repercussão pelo protocolo quebrado, William Bonner esteve ausente da bancada. O apresentador revelou estar gripado e explicou que, apesar do afastamento da apresentação, seguiu atuando nos bastidores da edição.
“Estou desde sábado com a voz bem alterada, e queria dar uma satisfação porque eu desapareço do ar e ficam achando que estou matando serviço. Estou por aqui nos bastidores”.
Panorama jurídico
No mesmo período, a emissora também enfrentou uma derrota judicial. O Superior Tribunal de Justiça decidiu, por 3 votos a 2, manter o contrato da Globo com a TV Gazeta, afiliada de Fernando Collor de Mello em Alagoas, contrariando a tentativa da emissora de encerrar a parceria.
O caso, iniciado em 2023, continua em disputa, já que a Globo estuda levar o recurso ao Supremo Tribunal Federal.
