A expulsão de Walter Kannemann, na derrota do Grêmio por 1 a 0 para o Bragantino, pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro, reacendeu os debates sobre os critérios da arbitragem no país. O lance ocorreu aos 42 minutos do primeiro tempo, antes da cobrança de uma falta, quando o zagueiro argentino foi acusado de agredir Pedro Henrique com um soco, segundo interpretação do árbitro Lucas Casagrande. O cartão vermelho direto gerou protestos intensos e paralisou a partida por mais de quatro minutos.
A repercussão negativa do lance levou a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a divulgar, de forma excepcional, o áudio da comunicação entre os árbitros. A publicação só foi possível após autorização da Fifa, já que Casagrande não foi ao monitor revisar o lance — o que, pelas diretrizes atuais, exime a entidade da obrigação de liberar o material.
Durante a análise, Gilberto Rodrigues, responsável pelo VAR, confirmou a interpretação de campo sem sugerir revisão. No diálogo, o árbitro de vídeo afirma: “Por essa câmera, está claro. O número 4 dá um soco no rosto do adversário. Pode confirmar o cartão vermelho, ok?”.
Em meio aos protestos gremistas, Casagrande justificou sua decisão com firmeza: “A bola não estava em jogo e o contato não é insignificante. Por que que eu vou olhar lá no VAR se eu acertei?”. Já quando pressionado por Kannemann para checar o lance, o árbitro respondeu: “O dia que você mandar em mim, eu vou. Eu fico, você não”.
Enquanto isso, o VAR reforçava sua posição: “Já está tudo confirmado, Lucas…”. E ainda orientava a retirada do jogador: “Policiamento, pessoal. Policiamento”. A recusa inicial de Kannemann em sair de campo prolongou a paralisação e acentuou o clima de tensão.
A atuação dos árbitros causou reações imediatas. A CBF afastou tanto Lucas Casagrande quanto Gilberto Rodrigues, como também ocorreu com a equipe de arbitragem de São Paulo x Palmeiras, outro jogo da rodada marcado por polêmicas. Além disso, o Grêmio recorreu ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que acolheu o pedido de análise para suspender os efeitos dos cartões aplicados a Kannemann e Marlon. A decisão final depende agora da presidência do tribunal.
Aliás, a CBF também foi cobrada institucionalmente. O Grêmio, em nota, contestou erros que, segundo o clube, vêm se acumulando contra sua equipe ao longo do campeonato. A manifestação gerou apoio da torcida nas redes sociais e pressionou por mudanças nos critérios de avaliação dos lances revisados ou não pelo VAR.
Por fim, o lance que definiu a vitória do Bragantino, um pênalti marcado por toque de Marlon, também foi cercado de questionamentos. O jogador recebeu cartão amarelo por reclamação e, somando o terceiro, foi automaticamente suspenso. A expulsão de Kannemann e a penalidade selaram uma noite em que a arbitragem, mais uma vez, virou protagonista no futebol brasileiro.