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Real Madrid move ação bilionária contra a UEFA; entenda

Após anos de disputas judiciais e negociações sem avanço, o Real Madrid e a A22 Sports Management — empresa responsável pela criação da Superliga Europeia — planejam mover uma ação judicial contra a Uefa no valor de € 4,5 bilhões.

A acusação, segundo o jornal AS, alega que a entidade abusou de sua posição dominante no futebol e impediu a livre concorrência no continente. Os advogados do clube e da A22 já preparam a reclamação judicial, que deve incluir pedidos de indenização por lucros cessantes, danos de imagem e prejuízos competitivos.

A decisão surge após uma série de reuniões infrutíferas entre as partes e representa uma mudança de postura, marcando o início de uma nova fase no embate entre os idealizadores da Superliga e o órgão máximo do futebol europeu.

Decisão judicial abriu caminho para o processo

A ofensiva judicial foi impulsionada por uma sentença recente de um tribunal de Madri, que confirmou a vitória do Real Madrid e da A22 contra a Uefa. O tribunal rejeitou os recursos da entidade e considerou que a federação europeia “violou gravemente as regras de livre concorrência da União Europeia”.

UEFA (Foto: Divulgação/Site Oficial)
UEFA (Foto: Divulgação/Site Oficial)

Para Florentino Pérez, presidente do clube espanhol, a decisão representa o sinal verde para buscar compensação financeira. O dirigente entende que o Real Madrid sofreu perdas bilionárias em razão das restrições impostas pela Uefa à criação da Superliga.

Origem do conflito e reação da Uefa

O embate entre as partes remonta a abril de 2021, quando 12 clubes de elite — entre eles Real Madrid, Barcelona, Manchester United e Juventus — anunciaram a criação da Superliga Europeia, competição idealizada como alternativa à Liga dos Campeões.

O projeto previa divisões masculinas e femininas e prometia maior autonomia financeira aos clubes. A proposta, porém, ruiu em menos de 48 horas, após intensa pressão pública e política.

Torcedores protestaram nas ruas, governos europeus condenaram o modelo, e a Uefa, com apoio da Fifa, ameaçou punições severas. Os clubes ingleses recuaram, restando apenas Real Madrid e Barcelona na defesa do projeto.

Mesmo assim, Pérez manteve o discurso de que a Uefa exerce um “monopólio que impede a inovação e sufoca a competição justa”. A tese ganhou força em dezembro de 2023, quando o Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) determinou que as exigências da Uefa para aprovar novas competições violavam a legislação da UE.

A decisão foi posteriormente reforçada pela Audiencia Provincial da Espanha, que reconheceu abuso de poder por parte da federação.

Tentativas de conciliação e impasse

Após o veredito europeu, representantes da Uefa e da A22 voltaram a dialogar. Reuniões foram realizadas entre Bernd Reichart (CEO da A22), Teodoro Teodoridis (secretário-geral da Uefa), e delegados de Real Madrid e Barcelona.

Entretanto, as negociações fracassaram. Pessoas próximas ao processo relataram que a Uefa foi acusada de “ganhar tempo” e não demonstrar real disposição para um acordo. O impasse levou os dirigentes da A22 e o Real Madrid a optarem por uma ação formal nos tribunais.

Enquanto o presidente do Barcelona, Joan Laporta, tenta reaproximar-se da Uefa e dos demais clubes europeus, Florentino mantém postura firme em desafiar a instituição.

Laporta, inclusive, participou recentemente de uma reunião em Roma com o presidente da Uefa, Aleksander Ceferin, e Nasser Al-Khelaifi, dirigente do Paris Saint-Germain, com o objetivo de “construir pontes” e restabelecer diálogo.

Novo capítulo na disputa europeia

O processo que está sendo preparado pode se tornar o mais caro da história do futebol. Caso seja aceito, o valor de € 4,5 bilhões reivindicado pelo Real Madrid e pela A22 pode alterar de forma profunda a estrutura legal e econômica das competições europeias.