Corinthians e Vasco manifestaram receio em relação ao modelo de fair play financeiro proposto pela CBF. O desenho foi apresentado em reunião do grupo de trabalho entre clubes e CBF. A versão final está prevista para ser apresentada na quarta-feira (26 de novembro), no Summit CBF Academy. O programa de sustentabilidade financeira tem início previsto para 2026. A CBF ficou de tirar dúvidas dos clubes a partir desta segunda-feira (17 de novembro).
A diretoria do Corinthians avalia que as propostas deixariam o clube sem alternativa além de recuperação judicial ou extrajudicial. Não seria possível projetar crescimento operacional suficiente para atender às exigências. O clube se vê sem perspectiva de injeção externa de capital para cumprir obrigações sem comprometer o dia a dia. A ameaça de uma recuperação judicial já estava no horizonte após relatório da Ernst & Young.
A principal queixa é a exigência de adequação imediata aos novos vencimentos a partir de quinta-feira (01 de janeiro de 2026). Outra preocupação é manter a média da folha do elenco profissional igual à média dos três meses seguintes à implementação. A transição deste ponto vai até 2028, com fiscalização já em 2026.

Além disso, o regulamento prévio determina controle imediato de dívidas com quitação ou renegociação com credores relevantes. O texto cita o caso Raniele: a cobrança do Cuiabá levou o Corinthians a sofrer transfer ban em outubro. O modelo exige acerto de dívidas até novembro de 2026. A partir de 2029, dívidas de curto prazo não poderão superar 45% da receita anual. Até 2029, salários e amortizações devem somar no máximo 70% das receitas.
Além disso, clubes em recuperação judicial terão limites adicionais. Não poderão aumentar a folha acima da média anterior e não poderão se endividar em janelas. O valor investido em compras deve ser igual ou menor que o das vendas. O Vasco teve seu plano aprovado pelos credores no início de outubro e gastou alto na última janela. O Cruz-maltino tende a ser um dos últimos a passar pela transição até 2028. Em primeira violação, o clube poderá apresentar plano de ação e ficará em monitoramento. Há expectativa de criação, pela CBF, de órgão específico de fiscalização.
Adicionalmente, não foi estabelecida barreira para investimentos externos, inclusive em SAFs. Um ano antes de 2029 será necessário alcançar equilíbrio operacional, sem incluir categorias de base, estrutura, futebol feminino e esportes olímpicos. As punições previstas vão de advertência, multa e retenção de receitas a transfer ban, perda de pontos e rebaixamento. Hoje, o Mirassol é citado como exemplo de elenco competitivo com custo equilibrado.


