O remake de Vale Tudo, exibido pela TV Globo às 21h, não apenas revisita o icônico embate entre Raquel e Odete Roitman, mas o reinterpreta com ênfase na articulação e no jogo psicológico. A rivalidade entre as personagens, vividas por Taís Araújo e Débora Bloch, respectivamente, ganha novos contornos, mais densos e contemporâneos.
Diferente da versão original de 1988, o roteiro de Manuela Dias aposta em diálogos mais incisivos e ações cuidadosamente orquestradas, refletindo um conflito menos impulsivo e mais cerebral.
A sequência da sabotagem da maionese — considerada um dos pontos altos da trama original — foi totalmente reestruturada. Agora, Walter, interpretado por Leandro Lima, atua sob o comando direto da antagonista e recebe auxílio de Mario Sérgio, vivido por Thomás Aquino, cuja função no enredo é ampliar o nível de ameaça.
O personagem, antes secundário, assume papel fundamental na execução do plano, revelando-se peça-chave para o desenvolvimento da vilania na versão atual.
Sabotagem moderna com recursos digitais e clima de thriller
Em contraste com a abordagem mais simples da primeira exibição, a nova encenação aposta em tecnologias e detalhamento minucioso. A sabotagem ocorre após o expediente da Paladar, onde Walter finge encerrar o turno normalmente.
Simultaneamente, Mario Sérgio se encarrega de desativar as câmeras de segurança com ajuda de um hacker, criando uma brecha de tempo para a infiltração. Às 22h, com o local vazio, a dupla invade o espaço e executa a adulteração nos potes de maionese.
“Walter na cozinha experimental acaba de injetar o líquido nas maioneses. Walter termina de injetar no último pote e guarda suas coisas”, descreve a cena elaborada por Manuela Dias, numa construção de tensão que se assemelha a um suspense policial.
O uso de subterfúgios tecnológicos e o envolvimento direto de mais um personagem refletem uma preocupação evidente do remake em modernizar a trama sem perder sua essência.
Raquel descobre a farsa, mas não o mandante
Embora a trama original tenha mostrado Raquel completamente surpreendida pelo golpe, na nova versão a personagem percebe sinais suspeitos no comportamento de Walter. Mesmo desconfiando da insistência do funcionário em saber sobre os ingredientes do prato, ela hesita em agir.
Ainda assim, evita que os produtos cheguem ao consumidor, revertendo parcialmente o plano da rival.
Apesar disso, Raquel não consegue comprovar o envolvimento de Odete. Inconformada com a ausência de provas, a dona da Paladar afirma que fará justiça: inicia uma investigação por conta própria, determinada a expor os crimes da empresária. Ao levantar o passado da antagonista, ela descobre a existência de Leonardo, filho oculto da milionária, e sua relação com um acidente que o deixou com paralisia.
Assim, o remake amplia a dimensão da vingança da protagonista, conectando elementos dramáticos e revelações chocantes que não estavam tão destacados na primeira versão.
Nova roupagem e fidelidade ao impacto original
A exibição da cena está marcada para o capítulo 114, previsto para 09 de agosto, e promete repetir o efeito de comoção que teve em 1988. Ainda assim, a adaptação mostra-se mais sombria e estratégica, incorporando temas atuais como segurança digital, espionagem empresarial e manipulação corporativa.
Os roteiros contam com a colaboração de Luciana Pessanha, Bruna Paixão, Sérgio Marques e Aline Maia, sob direção artística de Paulo Silvestrini.
A novela, inspirada na criação de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, reapresenta com fidelidade os pontos centrais da história, mas promove transformações que atualizam o enredo ao perfil contemporâneo do público.


