Durante a edição de sexta-feira (20) do programa Em Pauta, da GloboNews, a jornalista Eliane Cantanhêde fez uma observação que rapidamente ganhou repercussão nas redes sociais. Ao comentar sobre o conflito entre Irã e Israel, a comentarista questionou por que os mísseis lançados pelo Irã, embora atinjam o território israelense, provocam menos mortes do que os ataques israelenses contra a Faixa de Gaza.
Ao vivo, Cantanhêde afirmou: “Por que os mísseis de Israel destroem Gaza. Matam, né? E os mísseis que saem do Irã e caem em Israel não matam ninguém. Tem uma mortezinha daqui, outra dali, tem 23 feridos daqui, 40 dali. Eu não consigo entender por que, nessa guerra, o Irã atinge o alvo e não mata ninguém”.
A fala gerou reações imediatas nas plataformas digitais, sendo considerada, por muitos usuários, insensível diante das mortes provocadas em qualquer contexto de guerra.
Pedido de desculpas nas redes sociais
A repercussão negativa fez com que a jornalista se manifestasse nas redes sociais no domingo (22). Em sua retratação, ela afirmou que sua intenção era realizar uma análise técnica sobre armamentos e estratégias defensivas.
“Depois de rever a gravação da pergunta que fiz na sexta-feira, reconheço que me expressei mal e dei margem a conclusões equivocadas, que não representam meu pensamento, pelo que peço desculpas”, escreveu a comentarista. Em seguida, completou: “A intenção foi fazer uma pergunta técnica sobre armamentos e sistemas de defesa”.
Antes disso, no sábado (21), ela já havia se pronunciado, alegando que o foco de sua indagação era compreender por que os mísseis iranianos causavam menos vítimas, considerando a capacidade dos sistemas de proteção de Israel, suas construções e a infraestrutura de bunkers disponíveis no território.
GloboNews também se posiciona
A GloboNews, canal onde a comentarista atua, também publicou uma retratação institucional. A emissora afirmou compreender as críticas e reiterou que a fala de Cantanhêde não refletia a posição oficial do canal.
A própria jornalista reforçou que condena o antissemitismo e lamenta profundamente as mortes em qualquer conflito, rejeitando a ideia de que teria menosprezado vítimas humanas.
“Não sou um monstro que ‘lamenta’ poucas mortes em qualquer guerra que seja”, declarou.
Repercussão entre espectadores e especialistas
A fala da comentarista também suscitou manifestações entre analistas e jornalistas. Embora alguns tenham considerado a explicação plausível do ponto de vista técnico, muitos apontaram que o tom da declaração inicial foi inadequado para um assunto de tamanha sensibilidade.
Assim sendo, o episódio reforça a responsabilidade exigida no jornalismo ao tratar de conflitos armados, principalmente em transmissões ao vivo. O caso evidencia, sobretudo, a necessidade de precisão e cautela ao abordar temas que envolvam vidas humanas, ainda mais em contextos tão delicados e polarizados como o atual.