quinta-feira, dezembro 11, 2025
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‘Remake de Vale’ Tudo repete falha que prejudicou ‘Mania de Você’ na Rede Globo

Se você tem sentido que algo “não conecta” na nova versão de Vale Tudo, não está sozinho. O remake do clássico de 1988, assinado por Manuela Dias, tem chamado a atenção, não só pela modernização da trama, mas pelo ritmo frenético que lembra o maior fracasso recente do horário nobre: Mania de Você. 

A tentativa de imprimir velocidade às histórias está, aos olhos de muitos, esvaziando os dramas e personagens, que mal surgem e já desaparecem.

Tramas que surgem e evaporam

Nas últimas semanas, o folhetim apresentou uma série de acontecimentos que, apesar de promissores, foram resolvidos com tanta rapidez que perderam qualquer impacto. 

Um exemplo? Eunice (Edvana Carvalho) se tornou modelo e voltou a ser dona de casa quase na mesma cena. E o bebê reborn de Aldeíde (Karine Teles), que poderia render reflexões, mal teve espaço antes de sumir da tela.

Além disso, Fátima (Bella Campos) precisou apenas cochilar sobre um caderno para convencer Raquel (Taís Araujo) de que estava estudando. Isso porque o roteiro tem dado voltas rápidas demais, sem tempo para desenvolvimento emocional ou coerência narrativa.

Personagens e núcleos soltos

Vale destacar que essa pressa cria uma sensação de desconexão geral. César (Cauã Reymond), por exemplo, é quase um “funcionário fantasma” da TCA, tamanha sua ausência na história. O mesmo vale para a sogra de Consuêlo (Belize Pombal), que apareceu brevemente para fazer merchan de uma plataforma e desapareceu logo depois.

Sendo assim, o público começa a perceber que muitos núcleos parecem meros adendos, passíveis de corte sem prejuízo à narrativa central. E isso compromete a força dramática da obra, que é justamente o que tornou o Vale Tudo original tão emblemático.

Repetição de erros que já custaram caro à Globo

Por isso, a comparação com Mania de Você se impõe. A novela de 2024 sofreu com os mesmos problemas de narrativa apressada e tramas descartáveis. 

A Globo, inclusive, precisou intervir, antecipando a morte de Molina (Rodrigo Lombardi), que sequer teve tempo de se consolidar na trama.

Dessa maneira, o remake de Vale Tudo, que celebra os 60 anos da emissora, corre o risco de comprometer um dos maiores patrimônios da teledramaturgia brasileira. 

Cabe ressaltar que a direção artística de Paulo Silvestrini e a assinatura de Manuela Dias precisam, agora, equilibrar ritmo com profundidade. Com isso, talvez ainda haja tempo de reconquistar o público e honrar a grandiosidade da obra original.