A Globo, conhecida por seu domínio na teledramaturgia brasileira, está reformulando silenciosamente os bastidores de suas novelas. Em busca de contenção de gastos, a emissora passou a adotar uma nova metodologia: entregar, antes mesmo da estreia, um volume elevado de capítulos finalizados, em alguns casos, mais de cem.
A mudança tem causado desconforto nos bastidores, especialmente entre autores e colaboradores, que veem sua liberdade criativa significativamente reduzida.
A iniciativa parte de uma lógica de economia e otimização. Com isso, as equipes de produção podem se antecipar nas gravações, escalas de elenco e logística, diminuindo custos operacionais. Dessa maneira, a emissora tenta manter sua eficiência diante de um cenário de cortes e revisão orçamentária.
Além disso, a nova política busca tornar o processo de produção mais linear e menos suscetível a imprevistos.
No entanto, vale destacar que a estratégia compromete a capacidade de adaptação durante a exibição das novelas. Se uma trama ou personagem não agradar o público, não há mais como alterar o curso rapidamente.
Sendo assim, os folhetins correm o risco de se tornarem produtos engessados e desconectados da recepção popular.
Novelas recentes já seguem o novo formato
Produções como Êta Mundo Melhor! e a futura Três Graças, que substituirá Vale Tudo em outubro, já estrearam ou estrearão com mais da metade dos roteiros prontos. Por isso, a margem de improviso é praticamente nula. Mesmo assim, exceções ocorrem: no remake de Vale Tudo, por exemplo, foi possível incluir uma trama com bebê reborn após o tema viralizar nas redes.
Cabe ressaltar que, anteriormente, a Globo trabalhava com cerca de 30 capítulos prontos antes da estreia. Desse jeito, havia flexibilidade para corrigir rumos narrativos, algo que agora ficou em segundo plano.
Até o momento, a emissora não se pronunciou oficialmente sobre as críticas que vêm ganhando força nos corredores da dramaturgia.