A Justiça negou o primeiro pedido de tutela antecipada feito por Virginia Fonseca contra o youtuber Paullo R., que publicou vídeos acusando a influenciadora de ser responsável por um caso de queimadura ocular envolvendo o produto We Drop, comercializado pela empresa Wepink, da qual Virginia é sócia.
A decisão, publicada em 18 de julho, representa um revés importante para a empresária no âmbito jurídico do caso.
O juiz responsável avaliou que, até o momento, não há elementos suficientes que comprovem a probabilidade do direito alegado por Virginia. Dessa forma, o magistrado optou por adiar a análise da liminar que buscava a remoção dos conteúdos e a proibição de novas publicações envolvendo seu nome e o produto.
Solicitação ao Google e próximos passos
Apesar de não atender ao pedido de urgência, o juiz determinou o envio de um ofício ao Google, mantenedor do YouTube, solicitando os dados cadastrais do responsável pelo canal de Paullo R. A medida visa identificar formalmente o criador dos conteúdos para prosseguimento da ação movida por Virginia e pela Wepink.
Origem da controvérsia
O imbróglio teve início em junho, após Paullo R. divulgar em seu canal a denúncia de Lidiane Herculano, moradora de Nova Iguaçu (RJ), que alegou ter sofrido queimaduras nas córneas após utilizar o sérum para cílios We Drop.
O marido da cabeleireira foi o primeiro a tornar o caso público, denunciando os supostos efeitos do cosmético. Lidiane relatou ter usado o produto apenas uma vez, o que já teria provocado a reação adversa.
A cliente relatou que sua visão ficou embaçada e acinzentada, o que a levou a procurar atendimento oftalmológico. “Ela aplicou o produto à noite, esperou secar e foi dormir. Já nesse primeiro uso, ocorreu a queimadura, e então ela procurou um oftalmologista”, afirmou o advogado Artur Roldão.
Posteriormente, a profissional da saúde que a atendeu teria alertado sobre a inadequação de alguns componentes do produto para a região dos olhos e receitou colírios. Lidiane ainda afirmou ter enfrentado quatro dias de dores intensas e dificuldade para enxergar, conseguindo abrir os olhos apenas no quinto dia de tratamento.
Defesa da influenciadora
Na ação judicial, Virginia argumenta que Lidiane não ficou cega e segue levando vida normal. Além disso, afirma que a consumidora se recusou a entregar o produto para perícia e não apresentou laudos médicos que comprovem a versão divulgada.
Para a influenciadora, as publicações de Paullo se baseiam em uma narrativa sem provas e têm como objetivo engajamento e monetização às suas custas.
Virginia e a Wepink também alegam que o conteúdo divulgado pelo youtuber estimulou outras postagens, citando, inclusive, um vídeo viral da influenciadora Karen Bachini sobre o mesmo produto.
Pedido de indenização
Além da exclusão dos vídeos, Virginia solicitou que Paullo fosse proibido de mencionar sua marca ou nome, bem como o pagamento de R$ 20 mil por danos morais. Segundo ela, esse valor seria destinado a uma instituição de caridade.
Até o momento, o produto We Drop segue à venda no site oficial da marca. Enquanto isso, relatos de queimaduras e reações adversas semelhantes foram registrados em plataformas de reclamação desde o ano de 2023.