A LDU está a um passo de retornar à final da Libertadores. Após construir vantagem expressiva na ida, ao vencer o Palmeiras por 3 a 0, em Quito, o time comandado por Tiago Nunes pode até perder por dois gols de diferença nesta quinta-feira (30), às 21h30, no Allianz Parque, que ainda assim assegura sua classificação à decisão continental.
A campanha consistente marca um novo capítulo para o treinador brasileiro, que passou os últimos anos sob intensa desconfiança. Tiago Nunes ganhou projeção nacional no Athletico, onde conquistou a Sul-Americana e a Copa do Brasil em 2018 e 2019.
Contudo, os trabalhos seguintes não alcançaram o mesmo êxito. O técnico acumulou passagens curtas e sem brilho por Corinthians, Grêmio e Botafogo. Nesse intervalo, também comandou o Sporting Cristal, do Peru, além de uma breve passagem pela Universidad de Chile.
Aliás, os resultados irregulares comprometeram sua imagem no futebol brasileiro. A sequência de desligamentos em períodos curtos reforçou uma narrativa de queda de rendimento, que o próprio treinador contesta. Em entrevista à Fifa, ele defendeu o direito ao amadurecimento profissional:

“Um treinador é avaliado todos os dias, e está tudo bem com isso, é parte do processo. O que me desagrada é que se você faz um trabalho considerado ruim, parece que não tem o direito de se desenvolver e melhorar; vai continuar sendo ruim para sempre.”
Obstáculo no futebol brasileiro
Conforme relatado pelo técnico, o imediatismo tem sido um obstáculo recorrente no futebol nacional, prejudicando principalmente os profissionais em estágio inicial de carreira. Para ele, os projetos não avançam o suficiente para gerar resultados sustentáveis.
“Há tanta rodagem de treinadores no futebol brasileiro, por resultados que vêm e vão, que a gente nunca acaba sabendo se o processo que desenvolve é correto ou não, porque não consegue ter início, meio e fim. O desenvolvimento é de tentativa, acerto e erro, e aí o crescimento leva mais tempo do que o desejado.”
A trajetória recente de Tiago fora do país reflete esse cenário. Antes do atual trabalho na LDU, ele passou pelo Sporting Cristal, onde teve desempenho regular, e posteriormente pela Universidad de Chile, em uma experiência menos bem-sucedida.
Ainda assim, o técnico destaca que buscar novos desafios fora do Brasil exige desprendimento e coragem.
“A questão toda é pagar o preço de se aventurar fora do país, porque quem se aventura muitas vezes não tem um plano. Sair da sua zona de conforto, ser resiliente, procurar outros desafios, ir na contramão do que o mercado diz que você tem que fazer.”
Apesar do bom momento, o confronto decisivo contra o Palmeiras ainda exige cautela. A equipe de Abel Ferreira, com histórico recente de conquistas e experiência em fases decisivas, promete um jogo de alta intensidade.


