Após cinco temporadas marcadas por conquistas expressivas e feitos inéditos, o Fortaleza optou por encerrar o ciclo de Juan Pablo Vojvoda. A decisão foi tomada após a derrota para o Ceará, no Clássico-Rei do último domingo (13), resultado que ampliou para seis o número de derrotas consecutivas e manteve o time na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro.
Embora o momento seja de instabilidade, a saída do treinador argentino marca o fim de uma das gestões mais vitoriosas da história do clube. Vojvoda assumiu o comando técnico em maio de 2021 e, desde então, levou o Fortaleza a três participações na Libertadores, incluindo uma final de Sul-Americana em 2023. Além disso, conquistou três títulos estaduais e duas Copas do Nordeste, encerrando sua trajetória com 308 partidas e superando o recorde histórico de Moésio Gomes.
O desgaste ao longo de 2025 foi decisivo para a ruptura. A perda do Campeonato Cearense, a eliminação precoce na Copa do Nordeste e a campanha irregular na Libertadores culminaram na queda de rendimento na Série A. Mesmo após afirmar em entrevista pós-jogo que queria continuar no clube — “Quero continuar” —, a diretoria optou por uma mudança imediata no comando técnico.
A decisão não se restringiu ao treinador principal. Os auxiliares Nahuel Martínez e Gastón Liendo, o preparador físico Luís Azpiazu, o psicólogo Christian Rodríguez e o preparador de goleiros Santiago Piccinini também deixaram o clube, conforme comunicado oficial do Fortaleza publicado nas redes sociais.
A demissão de Vojvoda reacende um debate que ganhou força após a final da Copa do Mundo de Clubes. Durante transmissão da CazéTV, Ronaldo Fenômeno criticou o nível de preparação dos treinadores brasileiros e ressaltou a diferença em relação aos técnicos europeus. Segundo ele, “estamos atrás dos europeus” e o país “forma muito mal o nosso treinador”.
Aliás, o ex-jogador destacou que escolas como a portuguesa e a espanhola têm se sobressaído, citando o trabalho de Luis Enrique no PSG como exemplo de excelência: “O time é sincronizado… um time com muitas ideias e você vê que tem a mão do treinador”.
Romário, que também participou da transmissão, compartilhou visão semelhante e demonstrou otimismo com a chegada de Carlo Ancelotti à Seleção Brasileira. Para ele, o técnico italiano pode contribuir com uma experiência que falta ao cenário atual: “Nós estamos muito atrasados em relação aos treinadores”.
Enquanto o Fortaleza busca um novo comandante antes do confronto contra o Bahia no sábado (19), a discussão sobre qualificação técnica no futebol nacional ganha novos contornos e pressiona clubes e entidades a repensarem os investimentos em formação e capacitação de treinadores.
