A crise envolvendo a SAF do Botafogo e a Eagle Football ganhou novos contornos nos últimos dias, com embates judiciais e manifestações públicas de John Textor, atual controlador da estrutura empresarial ligada ao futebol do clube carioca. O impasse gira em torno do futuro da gestão da SAF e das disputas internas entre os acionistas da holding norte-americana.
Atualmente, John Textor mantém sua posição como proprietário da SAF do Botafogo, embora sua atuação no dia a dia da Eagle esteja comprometida após conflitos com investidores. A tensão aumentou após a Eagle mover ação judicial para suspender decisões recentes tomadas por Textor, alegando que ele desrespeitou acordos societários ao não submeter medidas à aprovação de seu diretor legal, Christopher Mallon. Entre as acusações, está a cessão de créditos da SAF para uma empresa nas Ilhas Cayman, em operação avaliada em 150 milhões de euros.
A diretoria jurídica do Botafogo, por sua vez, apresentou recurso na 2ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O documento sustenta que Textor ainda detém o direito de tomar decisões sobre a empresa, apesar das divergências com os demais sócios. A defesa acusa a Eagle de fragilizar propositalmente a estrutura financeira da SAF, com o intuito de forçar a saída do empresário do comando da operação.
Aliás, John Textor negou oficialmente qualquer plano concreto de recompra da SAF, afirmando que há apenas discussões em curso sobre o futuro da Eagle. Segundo ele, há possibilidade real de o Botafogo continuar integrado à atual rede multiclubes.
“Notícias sobre um cronograma específico para a realização de uma oferta de aquisição não são verdadeiras. A compra pela gestão é apenas uma das opções consideradas, e é tão provável quanto permanecermos unidos em nossa atual rede multiclubes”, declarou o executivo.
Em meio ao cenário turbulento, há pressões vindas também de outros clubes da Eagle. Textor foi recentemente afastado da presidência do Lyon após o clube francês escapar do rebaixamento, sendo alvo de investidores como a Ares, que exigiram seu desligamento. A aquisição do Lyon foi viabilizada com empréstimos dessa mesma empresa, além de Michele Kang e da Iconic Sports, em troca de 40% das ações da Eagle, o que aumentou a complexidade dos vínculos societários.
A Eagle, por sua parte, se mostra disposta a vender sua parte no Botafogo, mas não a John Textor, pelo fato de ele estar dos dois lados da negociação — como comprador e, ao mesmo tempo, controlador da holding. A empresa teme alegações de conflito de interesse e possível fraude. Ainda assim, a influência do conselho deliberativo do Botafogo, especialmente na figura do presidente João Paulo Magalhães, que se posiciona favorável a Textor, dificulta uma eventual transação com terceiros.
Enquanto isso, nos bastidores, cresce a movimentação política e jurídica entre os envolvidos, em um cenário que deve seguir indefinido nos próximos meses. A disputa, além de institucional, reflete diretamente na governança do clube em plena temporada esportiva.