A recente transferência do atacante Kauê Furquim, de 16 anos, para o Bahia causou grande insatisfação nos bastidores do Corinthians. O clube paulista foi surpreendido pelo pagamento da multa rescisória de R$ 14 milhões, valor fixado para o mercado nacional, sem que houvesse acordo prévio para a liberação do atleta. A saída repentina da promessa das categorias de base foi criticada publicamente por dirigentes corintianos, que acusaram a equipe nordestina de agir com oportunismo.
Revelado pelo Corinthians ainda no futsal, Kauê iniciou sua trajetória no clube aos sete anos. Aos poucos, passou a se destacar no futebol de campo, chegando a integrar o elenco sub-15 e a ser convocado para a Seleção Brasileira da categoria em 2024. Em abril deste ano, assinou seu primeiro contrato profissional e chegou a treinar com o elenco principal, sendo relacionado para partidas do Campeonato Brasileiro, embora não tenha entrado em campo.
Conforme relatou Carlos Roberto Auricchio, diretor da base do clube, o Corinthians estava em tratativas para renovar e ampliar os valores do vínculo com o jogador. “Ele tinha um dos maiores salários da categoria (sub-17) e mais dois anos e meio de contrato pela frente. Foram oportunistas! Chamamos para aumentar o salário e eles só nos enrolaram”.
A situação se intensificou após a atuação de destaque de Kauê em um jogo recente na Fazendinha, observado por representantes do Bahia. “O Kauê fez um golaço, sofreu pênalti, foi o grande jogo da carreira dele. No dia seguinte, ligamos para o empresário dele e falamos: ‘queremos dar um aumento para o garoto, dá para vir aqui?'”.
Auricchio também criticou duramente o comportamento dos envolvidos na negociação. “Foi oportunismo. Quando o cara quer fazer a coisa errada, ele sabe fazer. Há dois anos o que era Bahia no cenário nacional? Encostaram num grupo igual àquele e acham que são os melhores do Brasil. Isso é oportunismo barato, estão lidando com um clube gigante”.
O dirigente revelou ainda que o executivo Fabinho Soldado havia iniciado conversas com Fred Morais, empresário de Kauê e sócio da empresa Pro Manager. Segundo ele, o agente teria afirmado que “estava tudo certo” com Fabinho, o que gerou expectativa de acordo. No entanto, dois dias depois, o Bahia já havia sinalizado com o pagamento da multa. “Hoje ele deve se explicar com o presidente porque não fechou logo”, afirmou Auricchio, mencionando também o descontentamento de Alex Brasil, executivo que havia alertado sobre o interesse de outros clubes.
O Corinthians avalia agora a possibilidade de contestar judicialmente a negociação. A alegação é de que o destino final da transferência seria o Grupo City, controlador do Bahia, o que, segundo o clube paulista, poderia caracterizar um vínculo internacional. Nesse cenário, a multa rescisória aplicável subiria para cerca de 50 milhões de euros.
Até o momento, o Bahia não se manifestou publicamente sobre as acusações. Já o jovem Kauê Furquim deixa o Corinthians sem ter estreado como profissional, encerrando uma trajetória de quase dez anos no clube.