Osmar Stabile, presidente do Corinthians, tem resistido à pressão de conselheiros do clube para demitir Fabinho Soldado, executivo de futebol. Mesmo diante de críticas políticas e questionamentos sobre sua gestão, o dirigente segue prestigiado e respaldado internamente, especialmente no CT Joaquim Grava, onde conta com forte apoio dos atletas e da comissão técnica.
Desde que assumiu a presidência interinamente, após o afastamento de Augusto Melo em maio deste ano — posteriormente confirmado por impeachment em agosto — Stabile tem promovido mudanças significativas nos quadros administrativos.
Muitos aliados de Melo foram desligados, mas Fabinho Soldado foi mantido à frente do departamento de futebol, cargo que ocupa desde maio de 2024, quando substituiu Rubens Gomes, o Rubão.
A permanência de Fabinho gerou atrito com parte do Conselho Deliberativo, que questiona seu salário, autonomia excessiva e a ausência de um diretor estatutário para acompanhar o setor. Alguns conselheiros enxergam a situação como um desvio da tradição política, que historicamente nomeia dirigentes ligados a grupos internos para funções estratégicas no futebol.

Críticas e cobranças
Além da origem ligada à gestão anterior, Fabinho enfrenta críticas pela condução do futebol profissional. Conselheiros citam episódios como a compra de Kauê Furquim pelo Bahia, a escassez de reforços antes do bloqueio da FIFA (o transfer ban), e a ausência de Memphis e José Martínez em treinos, como falhas em sua administração.
A montagem do elenco também é alvo de reclamações. A folha salarial de cerca de R$ 20 milhões mensais é considerada elevada para um time que ocupa a parte intermediária da tabela do Brasileirão e que ainda não engatou uma sequência de vitórias em 29 rodadas.
A única contratação na última janela foi o atacante Vitinho.
Apoio no CT Joaquim Grava
Apesar do desgaste político no Parque São Jorge, Fabinho encontra apoio sólido dentro do centro de treinamento. No CT Joaquim Grava, onde o ambiente é mais restrito e controlado, o executivo é elogiado por atletas e funcionários.
Sua postura profissional, o cumprimento de acordos e a comunicação transparente em meio às turbulências institucionais foram destacados por membros do elenco. Hugo Souza fez questão de elogiar publicamente Fabinho no último sábado (19), após a vitória por 1 a 0 sobre o Atlético-MG, na Neo Química Arena.
“O Fabinho que cuida de todo o nosso ambiente, nos deixa bem à vontade para trabalhar. Um cara que a gente tem que respeitar muito, não só a torcida, mas o conselho, a diretoria, a presidência. O clube em si precisa respeitar o trabalho que faz aqui. Nós que estamos dentro do clube vemos o dia a dia, afirmou.
Esse respaldo interno, aliado à gestão direta e disciplinada de Fabinho, tem sido o principal motivo para sua manutenção, mesmo diante do incômodo de parte do corpo político.
Estratégia de Stabile
Eleito de forma indireta pelo Conselho após o afastamento definitivo de Augusto Melo, o mandatário tem adotado postura de equilíbrio. Embora esteja pressionado a trocar o comando do futebol, ele tem reforçado, em conversas internas, que as decisões estratégicas cabem exclusivamente ao presidente:
“Fabinho está mantido. Quem manda é o presidente“, teria afirmado a aliados, segundo apuração da ESPN.


