Com o ambiente político instável desde o afastamento de Augusto Melo da presidência, o Corinthians vive dias tensos também no campo esportivo. A recente derrota por 2 a 0 para o São Paulo, no sábado (19), no Morumbis, expôs não apenas a fragilidade coletiva da equipe, mas escancarou um clima de desconforto interno entre o elenco e a comissão técnica liderada por Dorival Júnior.
Dorival, que chegou ao clube em abril após a saída de Ramón Díaz, enfrenta resistência nos bastidores. O clima no vestiário se deteriorou ainda mais no intervalo do clássico, quando o treinador substituiu três atletas, entre eles Memphis Depay, que não voltou ao banco de reservas no segundo tempo.
Após a partida, o técnico justificou as alterações com tom direto: “Tirei três e poderia ter tirado cinco ou seis. Não foi um primeiro tempo do padrão que o Corinthians merece”. Ao explicar a saída de Depay, afirmou que foi “exclusivamente técnico”, completando que “qualquer um pode entrar ou sair, independente de nome”.
Além do episódio citado, Memphis vem acumulando polêmicas recentes. Pesa contra ele o episódio em que não se reapresentou após a pausa para o Mundial de Clubes. Internamente, o jogador entende que a instabilidade política prejudica o desempenho da equipe e acredita que um ambiente mais estável poderia favorecer o trabalho coletivo.
O Corinthians, por sua vez, ainda deve cerca de R$ 5 milhões ao jogador — sendo R$ 1,4 milhão em direitos de imagem e o restante referente a premiações do título estadual. Essa dívida tem alimentado especulações sobre seu futuro, mesmo com o próprio atleta, até aqui, não sinalizando vontade de deixar o clube. Pessoas próximas ao camisa 10 afirmam que ele ainda confia no projeto que o trouxe ao Brasil.
Durante o programa Apito Final, no domingo (20 de julho), o ex-jogador Neto questionou a postura de Depay no clássico, ao dizer: “Pra mim, esse cara não fica. Ele não está jogando. O cara tem um ano de Corinthians e não tem um gol em clássico”.
Enquanto isso, o presidente interino Osmar Stábile garantiu a permanência de Dorival e do diretor Fabinho Soldado. “O Dorival está garantido. Assim como está garantido o Fabinho Soldado”, declarou, embora sem estipular um prazo para essa garantia. O confronto diante do Cruzeiro, nesta quarta-feira (23 de julho), às 19h30 (horário de Brasília), na Neo Química Arena, é tratado como crucial nos bastidores do Parque São Jorge.
