Leonardo Jardim desembarcou em Belo Horizonte com uma meta bem definida: recolocar o Cruzeiro entre os protagonistas do futebol sul-americano. O técnico português assumiu o comando celeste em 2025, trazendo no currículo conquistas expressivas e também desafios recentes. A escolha pelo clube mineiro representa, afinal, não apenas um novo capítulo, mas também a oportunidade de restabelecer o prestígio conquistado em passagens anteriores por França, Portugal e Oriente Médio.
Antes de chegar à Toca da Raposa, Jardim teve um início vitorioso no Al-Hilal, com títulos importantes como a Liga dos Campeões da Ásia, a Supercopa Saudita e o Campeonato Saudita. Em seguida, também conquistou o Campeonato dos Emirados Árabes pelo Al-Ahli. Contudo, posteriormente, o desempenho caiu. No Al-Rayyan, do Catar, terminou a temporada sem troféus, mesmo alcançando o vice-campeonato da liga nacional. Já no Al Ain, venceu apenas cinco dos 15 jogos e deixou o cargo por motivos pessoais.

Apesar das dificuldades mais recentes, Leonardo Jardim carrega a experiência de quem comandou o Monaco em uma das fases mais expressivas da equipe francesa. Durante seis temporadas, foi responsável não apenas pelo título do Campeonato Francês, como também pela revelação de jovens talentos, a exemplo de Mbappé. A trajetória lhe rendeu premiações como melhor treinador do Campeonato Francês e também de Portugal, em 2017 e 2022.
No Cruzeiro, o técnico já soma 23 partidas oficiais, com 10 vitórias, sete empates e seis derrotas — desempenho que representa 53,62% de aproveitamento. O time foi eliminado da Conmebol Sul-Americana, mas alcançou as oitavas de final da Copa do Brasil e ocupa a vice-liderança do Campeonato Brasileiro. O principal foco, neste momento, é garantir a vaga na próxima edição da Conmebol Libertadores, algo que o clube mineiro busca desde seu retorno à Série A, em 2023.
A missão de levar o Cruzeiro de volta à Libertadores carrega um peso histórico. Afinal, trata-se de um clube que já protagonizou grandes confrontos internacionais, como na decisão do antigo Mundial Interclubes, em 1976. Naquela ocasião, enfrentou o Bayern de Munique em dois jogos. A primeira partida, sob neve em Munique, ficou marcada pelo gramado transformado em “campo de gelo”, como descreveu a própria Fifa. O time alemão venceu por 2 a 0. Na volta, diante de mais de 113 mil torcedores no Mineirão, o empate sem gols decretou o título dos bávaros.
Esse passado reforça a tradição internacional do Cruzeiro, que Leonardo Jardim busca reavivar. O treinador chegou ao clube em um momento de reconstrução e, até aqui, tem conseguido implementar sua proposta de jogo com liberdade. Resta agora transformar o planejamento em resultados concretos, consolidando sua retomada profissional e, ao mesmo tempo, recolocando o Cruzeiro em posição de destaque no futebol continental.