Gustavo Cuéllar, que chegou ao Grêmio em janeiro de 2024 com contrato até dezembro de 2026, tornou-se centro de atenções no clube gaúcho, tanto pela expectativa criada sobre seu desempenho quanto pelas palavras de Mano Menezes.
O treinador, em diversas entrevistas, fez questão de esclarecer o atual estágio físico e técnico do atleta. “A gente sempre enxerga o jogador que saiu. Fica com aquele imaginário que o jogador que está voltando é o mesmo que saiu, principalmente quando ele saiu vencedor. E aí se cria uma coisa que não é real”, declarou o comandante.
Com passagem marcante pelo Flamengo entre 2016 e 2019, o colombiano foi diretamente inserido em jogos logo após sua chegada a Porto Alegre. Isso, segundo o próprio Mano, dificultou o processo de readaptação. “Cuéllar ficou muito tempo fora, fez menos jogos por temporada, e isso afeta a adaptação”, explicou o técnico gremista.
Críticas ao calendário competitivo e ao nível de exigência
Mano Menezes destacou que o futebol praticado na Arábia Saudita é menos intenso e cobra menos do ponto de vista físico. “Se você ficar seis, oito anos, são 20 jogos a menos por ano, façam as contas. São 150, 200 jogos a menos, com muito menos desgaste, a cobrança é menor”, afirmou o técnico, ilustrando o impacto direto na performance atual de Cuéllar.
Atualmente, o jogador soma 13 partidas e 715 minutos em campo com a camisa tricolor. Apesar disso, passou a ser considerado negociável para a próxima janela de transferências, conforme informado por membros da diretoria do clube.
Internamente, há cautela em relação ao que o atleta ainda pode render, mas o treinador mantém a esperança: “Acreditamos que vai acontecer e que o Cuéllar vai ser o jogador que se criou a expectativa sobre ele. Não é, obviamente, o jogador de 2019”, pontuou.
Disparidade financeira entre os clubes
Em paralelo ao tema do meio-campista, Mano Menezes aproveitou para expor o abismo financeiro que separa clubes como Grêmio e Flamengo.
“Já tem uma disparidade muito grande financeiramente, principalmente de Palmeiras e Flamengo, para o resto dos outros. Nós não podemos competir com o Flamengo nas regras do Flamengo. Temos que competir com as nossas”, declarou, em entrevista ao jornal Correio do Povo.
O treinador também atribuiu essa vantagem não apenas ao poder de arrecadação, mas à organização estrutural alcançada pelo clube carioca nos últimos anos. “O Flamengo sempre foi uma equipe de faturamento maior. Ela só está mais organizada”, concluiu.
Realismo e planejamento
Mano Menezes deixou claro que a presença de Cuéllar no elenco é parte de um projeto que exige paciência. Ele relembrou a experiência com Thiago Neves, quando o jogador chegou ao Cruzeiro após passagem pelo futebol árabe e precisou de um período de readaptação antes de render plenamente.
A pré-temporada atual tem sido tratada como decisiva para a recuperação física e técnica do colombiano. Segundo o técnico, o período sem jogos servirá como oportunidade final para testar o volante sob condições ideais.
Por fim, o comandante reforçou sua visão com uma frase que sintetiza a realidade vivida: “Não dá para competir com o Flamengo nas regras do Flamengo”.