Mesmo com o reforço de Neymar, o Santos encerrou o primeiro trimestre de 2025 com déficit contábil acima do projetado. O resultado foi apresentado na reunião do Conselho Deliberativo na última segunda-feira (30 de junho), em Vila Belmiro, e causou preocupação no clube.
A arrecadação entre janeiro e março alcançou R$ 174,9 milhões, valor 43,6% superior ao previsto no orçamento, que era de R$ 121,7 milhões. A maior parte desse montante veio de direitos federativos e empréstimos de atletas. Além disso, o programa Sócio Rei ganhou 27 mil novos associados no período, gerando receita de R$ 17,5 milhões.
Contudo, as despesas operacionais também cresceram. O clube gastou R$ 154,8 milhões, superando em 66% a estimativa inicial de R$ 93,2 milhões. Desse total, R$ 79,6 milhões foram destinados ao elenco profissional, entre salários, encargos e direitos de imagem. O valor representa quase o triplo dos R$ 27,1 milhões desembolsados no último trimestre de 2024.
A contratação de Neymar teve impacto direto nesse aumento. Segundo o relatório, o camisa 10 passou a receber mais de R$ 4 milhões mensais em carteira. O contrato, assinado em 31 de janeiro, também prevê que ele receba 75% dos valores de patrocínios fechados ou ampliados após sua chegada. Além disso, o clube firmou compromisso de pagar R$ 85 milhões em direitos de imagem à NR Sports, com quitação prevista até dezembro de 2026.
Durante a reunião, o Conselho Fiscal recomendou “maior rigor no controle de gastos e receitas, com consequente adequação ao déficit previsto na peça orçamentária”. A advertência foi motivada não só pelo resultado trimestral — R$ 37,4 milhões negativos, 60,8% acima do déficit de R$ 23,2 milhões estimado — mas também pelo histórico recente da gestão.
Em 2024, o Santos já havia fechado o ano com déficit de R$ 105,2 milhões e dívida total de R$ 977 milhões.
Além dos custos com folha e imagem, os relatórios apontaram aumento de dívidas com fornecedores, contratos de luvas e intermediações, que ultrapassaram os R$ 150 milhões. Parcelamentos tributários com Receita Federal e INSS também cresceram no período.
Por fim, o clube recorreu ao Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) para adiar o pagamento de 2,5 milhões de euros (cerca de R$ 15,9 milhões) ao Arouca, de Portugal, referente à contratação do zagueiro João Basso, após sanção imposta pela Fifa.


