O São Paulo atravessa um novo capítulo delicado em sua gestão financeira. O clube enfrenta atrasos no pagamento dos direitos de imagem de parte de seu elenco, com pendências que variam entre dois e três meses para alguns jogadores. Apesar do quadro, os salários em carteira seguem regularizados, e, até o momento, não há movimentação judicial por parte dos atletas.
O modelo adotado pela diretoria tem sido o de evitar que as dívidas atinjam o terceiro mês completo, o que abriria margem para ações legais por parte dos jogadores. Segundo o presidente Julio Casares, a estratégia busca preservar o fluxo de caixa do clube, ainda que gere insegurança interna. “A gente paga um mês antes de virar três. Estamos em controle”, disse o dirigente, tentando minimizar o impacto da crise.
Ainda assim, relatos de bastidores indicam incômodo entre os atletas, principalmente em função da falta de previsibilidade. Um dos jogadores chegou a acumular débitos desde junho, incluindo os meses de julho, agosto e setembro. Conforme fontes próximas ao elenco, outros nomes também enfrentam situações semelhantes, o que contribui para um ambiente de incerteza.
Enquanto lida com as limitações orçamentárias, o São Paulo também tenta motivar seu grupo de jogadores. A fim de contornar o momento instável, Casares anunciou o aumento das premiações em caso de classificação para a próxima edição da Libertadores. A medida foi comunicada em reunião com o elenco no CT da Barra Funda, mas não surtiu efeito imediato: no dia seguinte, o time sofreu nova derrota no Campeonato Brasileiro.
Aliás, os recentes resultados em campo acentuam a pressão. O Tricolor perdeu por 3 a 0 para o Mirassol e segue distante da zona de classificação para competições continentais. Atualmente, ocupa a oitava posição na tabela, com 38 pontos, e vê a vaga na Libertadores cada vez mais distante.
A situação se torna ainda mais crítica ao se observar o relatório financeiro divulgado pelo próprio clube. Apesar de ter registrado uma redução de R$ 57 milhões na dívida total, o São Paulo descumpriu cláusulas de controle financeiro do contrato do FIDC, ultrapassando em mais de R$ 90 milhões o teto previsto para despesas com o futebol.
Nos bastidores, embora a diretoria negue oficialmente os atrasos, o desgaste com o elenco já é evidente. O caso evidencia, sobretudo, os desafios de gestão enfrentados pela atual administração, que busca equilíbrio entre responsabilidade fiscal e manutenção do rendimento esportivo.


