A Fifa e o International Football Association Board (Ifab) têm debatido propostas para reformular o uso do árbitro de vídeo e modificar regras relacionadas às cobranças de pênaltis. As mudanças vêm sendo discutidas nos bastidores e poderão ser implementadas a partir do Mundial de Clubes de 2025 e da Copa do Mundo de 2026.
A principal alteração em avaliação diz respeito à atuação do VAR. Atualmente limitado a corrigir “erros claros e óbvios”, o árbitro de vídeo passaria a intervir com base no critério de “melhorar o jogo”. Essa proposta foi debatida em um curso da Fifa com árbitros pré-selecionados para o Mundial de Clubes e também em reuniões organizadas pela Uefa com especialistas em arbitragem .
Outra ideia em pauta é expandir o escopo do VAR para lances como escanteios e segundo cartão amarelo. Hoje fora da alçada do árbitro de vídeo, essas situações passariam a ser passíveis de revisão. Entretanto, a proposta tem gerado desconforto, sobretudo entre dirigentes da Uefa, que consideram que tal ampliação poderia abrir espaço para interferências em todas as advertências aplicadas durante uma partida.
As discussões envolvem também mudanças nos pênaltis cobrados durante o jogo. O Ifab avalia eliminar a possibilidade de rebote em penalidades. Caso o goleiro defenda a cobrança, a jogada seria encerrada imediatamente, tal qual ocorre nas disputas por pênaltis ao fim das partidas. Defensores da ideia argumentam que a medida evitaria invasões de área e eliminaria uma vantagem adicional da equipe beneficiada com a penalidade.
Gianni Infantino, presidente da Fifa, apoia o reposicionamento do VAR como ferramenta de auxílio ao árbitro principal, e não como solução automática. Segundo ele, o VAR “precisa esclarecer o jogo, não complicá-lo”. A fala foi repassada a Pierluigi Collina, chefe da comissão de arbitragem da entidade .
David Elleray, membro do Ifab, reconheceu falhas na comunicação sobre o papel do VAR e defendeu maior clareza com o público. “É preciso explicar ao mundo do futebol como o VAR funciona e lembrar que ele tornou o jogo mais justo e seguro. Mas falhamos em comunicar isso” .
Apesar do avanço das discussões, a resistência de partes da comunidade esportiva, especialmente da Uefa, poderá influenciar o cronograma. Segundo uma fonte da entidade europeia, ampliar o uso do VAR “seria difícil de tolerar” sem consenso entre as partes envolvidas.
As possíveis mudanças ainda passarão por testes em competições menores. O processo formal inclui apresentação nas reuniões do Ifab em novembro e eventual votação em março de 2026. Caso aprovadas, as alterações entrarão em vigor antes do início da Copa do Mundo, marcada para junho do mesmo ano.