O dia foi movimentado no Parque São Jorge: o Corinthians oficializou Erasmo Damiani para comandar a base em meio a uma reestruturação, enquanto um caso de racismo no Paulista Sub-12 chocou a rodada; fora de campo, o clube sofreu novo transfer ban da CNRD por atraso na compra de Raniele e viveu mais uma troca no comando do departamento médico com a saída de André Jorge.
Base em foco: Damiani chega e caso de racismo no Sub-12 expõe desafios
A diretoria alvinegra confirmou a contratação de Erasmo Damiani como novo executivo das categorias de base, com a missão de redesenhar a estrutura formativa após denúncias internas de corrupção no início da temporada. Com passagens por Palmeiras, Internacional, Figueirense, Atlético-MG, Botafogo e pela coordenação das seleções de base da CBF — onde participou do projeto campeão olímpico no Rio-2016 —, Damiani terá gestão administrativa e técnica e a tarefa imediata de indicar o novo treinador do sub-17.
“É com muita satisfação que anunciamos a contratação do Damiani. Um profissional altamente qualificado, com vasta experiência e profundo conhecimento no desenvolvimento e aprimoramento de jovens talentos esportivos”.
A agenda da base também foi marcada por um episódio de injúria racial no Paulista Sub-12, durante a vitória por 5 a 1 sobre o Manthiqueira, em Guaratinguetá. Aos 54 minutos do segundo tempo, um atleta adversário chorou em campo após ofensas vindas das arquibancadas; o protocolo antirracismo foi acionado, a ocorrência registrada em súmula e uma mulher foi detida e encaminhada à delegacia, pelas seguintes palavras direcionadas ao jovem: “Preto, filh@ da p*t*, sem família, vai tom@r no c*!”
Transfer ban da CNRD e aperto financeiro: Raniele no centro da punição
A Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD), da CBF, aplicou ao Corinthians um novo transfer ban de seis meses por atraso na segunda parcela da compra do volante Raniele, adquirido junto ao Cuiabá em janeiro de 2024. O valor em aberto é de R$ 780 mil, e a decisão — confirmada à Rádio Itatiaia — cita descumprimento do prazo regulamentar.
“Diante da informação do pagamento do SC Corinthians no prazo determinado na Ordem Processual nº 3 que determinou o pagamento da segunda parcela para 17/10/2025 (cjs. 290 a 293), aplica-se a sanção de proibição de registro de novos atletas pelo período de seis meses”.
O clube sustenta que efetuará o pagamento dentro da tolerância de até cinco dias úteis após o vencimento e avalia medidas legais para reverter a sanção. O caso ocorre após atraso anterior quitado no limite da tolerância e em meio a um endurecimento de postura da CNRD; somam-se, ainda, restrições da Fifa pelo débito com o Santos Laguna na contratação de Félix Torres.
No pano de fundo, a diretoria tenta aderir ao Regime Centralizado de Execuções (RCE) para parcelar cerca de R$ 367 milhões e regularizar pendências — entre elas, as devidas ao Cuiabá, que somam R$ 18 milhões. A normalização financeira é chave para recuperar a capacidade de registrar reforços.
Crise no departamento médico: saída de André Jorge e mudança de comando
A saída de André Jorge, promovido em maio e desligado na última sexta-feira (17), expôs o desgaste entre corpo técnico e direção. O médico alegou falta de respaldo e interferência política após a nomeação de Ricardo Galotti, ex-São Paulo, para liderar o setor. Em um ano pressionado por lesões, o clube reorganiza o departamento, agora com Galotti, Eures Facci e João Marcelo, enquanto tenta reduzir ruídos internos e responder à cobrança por transparência.
“O presidente Osmar entrou e contratou o médico do São Paulo (Ricardo Galotti) para assumir o meu lugar. Eu pedi demissão naquele dia porque foi tudo escondido, até mesmo do Fabinho”.
“De lá para cá, tem acontecido algumas coisas para me minar, alguns desmandos do meu trabalho”.
“O Osmar não sabe absolutamente nada de futebol. Quem mantém o clube é o Fabinho”.


