Você sabia que os carros zero-quilômetro fabricados no Brasil enfrentam uma das maiores cargas tributárias do mundo? Essa alta carga, que varia entre 35% e 40%, tem sido um grande entrave para a indústria automobilística nacional.
Portanto, a recente movimentação do governo para reformular a tributação sobre veículos pode ser a chance que o setor esperava para se reerguer e conquistar maior competitividade.
Novo IPI Verde e estímulo à mobilidade sustentável
Além disso, está em pauta a implementação do programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação), que tem como objetivo acelerar a transição para veículos mais sustentáveis. Por isso, o antigo Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) será reformulado, dando lugar ao IPI Verde, uma nova taxação que levará em consideração critérios ambientais como eficiência energética, emissões e uso de combustíveis renováveis, como o etanol.
Dessa maneira, espera-se que o IPI Verde crie uma categoria de “carro sustentável”, com incentivos claros para modelos mais ecológicos. Isso porque, o governo planeja isentar totalmente do IPI os veículos de entrada com motor até 1.0 movidos a combustíveis renováveis até o final de 2026. Cabe ressaltar que essa medida vale para pessoas físicas e jurídicas, como locadoras e frotistas.
O desafio da alta carga tributária e da concorrência internacional
Vale destacar que o setor enfrenta um cenário desafiador, não só pela pesada carga tributária, mas também pelos juros elevados que dificultam o acesso ao crédito para o consumidor comum.
Além disso, a indústria nacional sofre com a concorrência de veículos importados, especialmente os elétricos chineses, que chegam com preços competitivos e tecnologia avançada.
Rogélio Golfarb, ex-vice-presidente da Ford Brasil, afirma que “estamos em uma encruzilhada porque toda a estrutura tributária do setor automotivo vai mudar. E ainda não se sabe se para o bem ou para o mal”. Sendo assim, a definição da nova carga tributária será crucial para o futuro da indústria no país.
Uma oportunidade para retomar a escala e o crescimento
Com isso, se o Brasil conseguir alinhar sua carga tributária com a média global, a indústria pode não apenas aumentar suas vendas, mas também atrair investimentos e melhorar a escala de produção, que atualmente está aquém do potencial. Isso porque, em 2013, o país produziu 3,7 milhões de veículos, mas a projeção para 2024 é de cerca de 2,8 milhões.
Portanto, essa reforma tributária representa uma chance histórica para revitalizar o setor automotivo, incentivar a sustentabilidade e trazer de volta o conceito de “carro popular”. Desse jeito, a mobilidade no Brasil pode ganhar um novo fôlego, beneficiando tanto a economia quanto o consumidor final.