Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, adotou medidas rigorosas de segurança depois de expor crimes relacionados à exploração da imagem de menores nas redes sociais. O criador de conteúdo passou a circular por São Paulo com carro blindado e escolta, decisão tomada após receber ameaças ligadas a denúncias contra apostas online e, mais recentemente, ao vídeo Adultização.
A produção, de 50 minutos, expõe práticas de influenciadores que sexualizam conteúdos infantis e detalha como algoritmos podem facilitar o acesso de criminosos a esse material.
Em entrevista ao podcast PodDelas, Felca revelou: “[Estou recebendo] muitas [ameaças], de assuntos delicados. Muitas, muitas. Comecei a andar com carro blindado e segurança. A questão das bets, por exemplo, vieram muitas ameaças. A questão da adultização existe uma ameaça de processo. Mas é o lado da verdade. Se ninguém fala, ninguém vai falar”.
O conteúdo das denúncias
O vídeo Adultização foi publicado na quinta-feira (07) e ultrapassou 30 milhões de visualizações no YouTube. Nele, Felca reúne denúncias contra criadores de conteúdo, apresenta trechos de investigações e entrevista uma psicóloga especializada na infância para discutir os riscos da exposição infantil na internet.
O trabalho, iniciado há mais de um ano, mostra como a busca por engajamento e monetização leva alguns responsáveis a incentivar a exposição excessiva de filhos, mesmo diante de um público que, conforme o influenciador destacou, inclui pedófilos.
Felca classificou a experiência como emocionalmente desgastante: “Eu realmente mergulhei no lamaçal. Foi muito aversivo fazer esse vídeo. É terrível a gente olhar essas cenas. Dá vontade de chorar, de vomitar, é terrível. Mergulhei no lamaçal. O que a gente está fazendo aqui é uma gota no oceano. Mas, sem essa gota, o oceano seria menor. Então, vale a pena fazer”.
Repercussões políticas e investigações
Após a repercussão, parlamentares apresentaram pelo menos 13 projetos na Câmara para endurecer punições contra pornografia infantil e regulamentar o uso de redes sociais por menores. Um deles propõe criar a chamada “Lei Felca”. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que pautará propostas sobre o tema.
Entre as medidas em discussão está o projeto do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), aprovado no Senado em 2024, que estabelece mecanismos de proteção digital para crianças e adolescentes.
O Ministério Público da Paraíba investiga o influenciador Hytalo Santos por suposto aliciamento e exploração de menores. Segundo as denúncias, Santos sexualizaria conteúdos com adolescentes, alguns emancipados, e teria mantido convivência considerada imprópria com eles.
