O Corinthians enfrenta nova pressão judicial após descumprir o prazo inicial de 180 dias estabelecido para formalizar e implementar seu plano de pagamentos no Regime Centralizado de Execuções (RCE). A dívida em questão, que soma R$ 190 milhões, envolve dezenas de credores e gerou reações imediatas após o fim do prazo, encerrado na semana passada.
O RCE foi homologado anteriormente pela Justiça como um meio alternativo à recuperação judicial, permitindo a suspensão temporária de execuções individuais contra o clube. O objetivo era garantir tempo para o desenvolvimento de uma proposta unificada de quitação das dívidas, evitando ações simultâneas e penhoras sucessivas nas contas corinthianas.
Contudo, com o fim do prazo e sem o avanço esperado nas negociações, os credores voltaram a pressionar. O empresário André Cury, que lidera a lista de credores com R$ 28,8 milhões a receber, solicitou que a Justiça autorize o retorno imediato das execuções individuais. “Com a máxima urgência, que sejam adotadas as providências necessárias”, afirmou a defesa do agente, criticando também a morosidade na tramitação do processo.
Diante da iminência de uma série de penhoras, o clube apresentou petição solicitando mais 180 dias de prazo. A defesa do Corinthians argumenta que a legislação permite uma prorrogação única desde que o atraso não decorra de omissão do devedor. Segundo o clube, o processo é complexo e ainda enfrenta resistência de quatro credores: André Cury (Link Sports), Carlos Leite, Walter Caetano e a empresa Pixbet.

Na petição apresentada à 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, o Corinthians alertou que o retorno das ações individuais pode inviabilizar o RCE. “Os credores poderiam, de forma independente, buscar a satisfação de seus créditos em diferentes frentes, o que poderia levar a uma liquidação desordenada dos ativos do clube”, alegou o clube em defesa da continuidade do regime.
Além disso, o clube solicitou que a Justiça promova uma mediação com os credores dissidentes, a fim de evitar prejuízos aos demais envolvidos. A direção afirma que vem se esforçando para obter consensos e destaca que o regime tem “interesse público”, por preservar uma entidade centenária e permitir regularização de débitos.
A dívida inicial considerada no processo era de R$ 367 milhões. No entanto, após revisão judicial, foi reduzida para R$ 190 milhões, com base em uma reorganização das listas de credores. O valor engloba empresários, fornecedores e ex-jogadores com valores de imagem pendentes.
Segundo nota enviada à ESPN, representantes do clube estiveram reunidos com o tribunal na semana passada para formalizar o pedido de extensão. Até o momento, a Justiça não respondeu oficialmente ao requerimento corinthiano.


