O ambiente político no Flamengo ferve nos bastidores. Desde a eliminação no Mundial de Clubes, o diretor de futebol José Boto se tornou alvo de críticas crescentes por parte de aliados do presidente Luiz Eduardo Baptista, o Bap. Isso porque seus salários, decisões no mercado de transferências e regalias pessoais têm incomodado quem ajudou a eleger a atual gestão.
Vale destacar que Boto recebe hoje um salário superior ao do técnico Filipe Luís. Enquanto o treinador ganha R$ 240 mil a menos, o português ainda desfruta de benefícios custeados pelo clube, como um imóvel na Barra da Tijuca com aluguel estimado em R$ 50 mil, carro blindado e quatro seguranças. Por isso, o desconforto entre dirigentes e apoiadores cresceu de forma notável nos corredores da Gávea.
Contratações polêmicas e decisões sem consenso
Além disso, decisões tomadas por Boto sem amplo respaldo interno têm sido questionadas. Um exemplo foi a tentativa frustrada de contratar o atacante irlandês Mikey Johnston, do West Bromwich. A negociação foi cancelada após pressão interna, mesmo com o atleta já tendo viagem marcada para o Rio. “Quem deixou ele trazer um jogador que ninguém conhece, de 26 anos, que está na Segunda Divisão da Inglaterra?”, questionou uma fonte ouvida pelo Lance!.
Outro ponto delicado foi a renovação de Gerson até 2030. Isso porque, durante o processo, a multa rescisória caiu de 200 milhões de euros para 25 milhões, valor pago pelo Zenit. Situação semelhante ocorreu com Erick Pulgar, cuja cláusula de saída passou de €60 milhões para US$ 6 milhões. Cabe ressaltar que, apesar das críticas, a direção considerou os valores razoáveis.
Victor Hugo, categorias de base e o silêncio de Boto
Sendo assim, o caso do jovem Victor Hugo, prestes a sair sem compensação ao Famalicão, aumentou ainda mais o mal-estar. O clube manteria apenas 30% dos direitos em futura venda. Desse jeito, a política de negociações conduzida por Boto passou a ser alvo de vigilância.
Na base, a saída do técnico Cleber dos Santos (campeão da Libertadores sub-20) e a chegada e saída relâmpago do português Nuno Campos também geraram ruídos. Com isso, cresce a pressão para que Bap reavalie a autonomia concedida ao dirigente.
Dessa maneira, a cobrança política sobre Bap é a maior desde o início de seu mandato. O presidente, que sonha em contar com Jorge Jesus novamente, precisará dialogar com Boto, com quem o treinador não tem boa relação. Portanto, o cenário no Flamengo promete mais tensão e vigilância sobre cada passo da diretoria de futebol.